Percepção Ambiental do patrimônio cultural: Estudo de caso na Cidade Alta e Ribeira em Natal-RN.
Arquitetura e Urbanismo. Patrimônio Cultural. Políticas Urbanas. Imagem Sócio-ambiental. Percepção Ambiental.
Os estudos contemporâneos evidenciam que a ampliação do conceito de patrimônio tem sido acompanhada da afirmação de importância da participação social no processo de reconhecer valores patrimoniais e de gestão dos bens culturais. Utilizamos o contexto brasileiro para evidenciar os desafios que a democratização deste processo enfrenta. Esta problemática é abordada com base no caso da Cidade Alta e Ribeira, bairros que remontam à formação de Natal-RN e possuem bens culturais reconhecidos pelos níveis de governo. O trabalho constrói elementos para responder a questão de pesquisa: o que o patrimônio cultural da área de estudo representa e significa para os seus usuários? A primeira parte do método de pesquisa analisa as representações e significados sobre os bairros com base em estudos historiográficos, registros memorialísticos da cidade e no processo de gestão patrimonial. A segunda parte do método é baseada na pesquisa de campo estruturada em estudos sobre percepção ambiental (das áreas da Psicologia Ambiental, Arquitetura e Urbanismo) e realizada com os usuários de diferentes vínculos com o ambiente estudado (moradores, trabalhadores e visitantes). Os dados de campo foram obtidos a partir do uso do multimétodo que incluiu a observação direta, o questionário e o mapa mental (que replica Kevin Lynch). A análise dos resultados comprova a hipótese da pesquisa, evidenciando aspectos da relação entre os usuários e o patrimônio cultural que são relevantes para o fortalecimento da memória coletiva, da identidade local, contribuindo com a gestão patrimonial. Dentre os resultados, a imagem sócio-ambiental obtida evidencia um “eixo cultural” ligando os dois barros estudados e confirma influência dos elementos representados nos registros memorialísticos da cidade e na gestão da área. Foram identificados aspectos para fortalecer a relação dos usuários com os bens culturais, tais como a presença de lugares com vínculos afetivos para certos grupos, assim como a necessidade de combater as imagens negativas (de degradação e insegurança) associadas à área e também de ampliar a participação da população, inclusive dos moradores, nas políticas e atividades culturais. Afinal, o reconhecimento de valor e envolvimento da sociedade com os bens culturais tem o potencial de colaborar para que o desenvolvimento da cidade seja integrado à conservação do seu patrimônio.