Fármacos despigmentantes: Avaliação termoanalítica e estudos de compatibilidade fármaco-fármaco e fármaco-excipiente
análise térmica, compatibilidade, fármacos despigmentantes
Esse estudo propôs aplicar as técnicas térmicas, calorimetria exploratória diferencial (DSC), análise térmica diferencial (DTA) e termogravimetria/ termogravimetria derivada (TG/DTG) e não-térmicas, espectroscopia no infravermelho (IV) e difração de raios-X (DRX) para caracterizar as propriedades físico-químicas dos fármacos despigmentantes, hidroquinona (HQ), ácido retinóico (RET), ácido kójico (KOJ), ácido glicólico (GLICOL), ácido fítico (FIT) e ácido glicirrízico (GLICIR) e dos excipientes usados em formas farmacêuticas semissólidas, bem como avaliar as possíveis interações fármaco/fármaco e fármaco/excipiente a temperatura ambiente e em condições forçadas de temperatura de exposição. Os excipientes analisados foram álcool cetílico (ACETI), álcool cetoestearílico e cetilestearilsulfato de sódio (ACETO), metilparabeno (MTP), propilparabeno (PPP), dipropilenoglicol (DPG), glicerina (GLI), EDTA dissódico (EDTA), hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), oleato de decila (ODC) e imidazolidinil uréia (IMD). Os fármacos HQ, RET e KOJ apresentaram um intenso evento endotérmico relacionado com sua fusão, porém não foi possível identificar a fusão dos fármacos GLICOL, FIT e GLICIR, a partir das curvas DSC e DTA. A partir das curvas TG/DTG observaram-se uma única etapa de perda de massa para HQ e RET, sendo duas para o KOJ, três para o GLICOL e quatro etapas para o FIT e o GLICIR. O aquecimento dos fármacos isolados, HQ, RET e KOJ, revelou uma estabilidade química e cristalina pela manutenção, respectivamente, dos grupos funcionais e dos picos de difração dos fármacos, exceto pela modificação da cristalinidade do RET com o aquecimento. Nos estudos de compatibilidade fármaco-fármaco, observaram-se interações físicas entre HQ e KOJ, HQ e GLICIR, RET e KOJ, RET e GLICOL, RET e FIT a partir das curvas térmicas, bem como a técnica do IV mostrou interação química a temperatura ambiente entre HQ e GLICOL e RET e GLICIR. Nos estudos de compatibilidade fármaco-excipiente, observaram-se interações físicas a partir das curvas térmicas da HQ com MTP, PPP, DPG, HPMC e IMD; do RET com ACETI, ACETO, MTP e PPP; e do KOJ com MTP, PPP, GLI e IMD. Foram observadas interações químicas a temperatura ambiente da HQ com EDTA, do RET com IMD e do KOJ com IMD, notadamente destacada pelo desaparecimento de bandas de absorção importantes desses fármacos quando em mistura. O aquecimento das misturas binárias, tanto no estudo fármaco-fármaco como fármaco-excipiente, favoreceu em alguns casos o surgimento de interações líquido-líquido entre os componentes estudados, observadas pelos espectros IV e difratogramas, favorecendo o aumento das interações inter e intramoleculares. Dessa maneira, não são recomendadas em uma mesma preparação farmacêutica as associações dos fármacos HQ com KOJ, HQ com GLICOL, HQ com GLICIR, RET com KOJ, RET com GLICOL, RET com FIT e RET com GLICIR, podendo ser utilizados separadamente. Recomenda-se evitar os excipientes DPG, EDTA, HPMC e IMD em formulações com HQ, bem como o ACETI, ACETO, MTP, PPP e IMD em formulações com RET em sua composição. Sugere-se evitar MTP, PPP e IMD em formulações com KOJ. Assim, propõe-se realizar outros estudos para avaliar a compatibilidade desses fármacos com outros excipientes utilizados na manipulação magistral como substitutos daqueles que demostraram incompatibilidade com a HQ, RET e KOJ.