Produção de fitas cerâmicas a base de TCP/PVA com adição de prata via método de tape casting para uso como curativo ósseo
TCP, PVA, tape casting, fitas cerâmicas.
Os procedimentos de reparo de defeitos ósseos apresentam muitos desafios devido às baixas taxas de cura, o que gera um impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes e nos custos hospitalares. Uma alternativa promissora para a regeneração destes tecidos danificados tem sido o uso de biomateriais na engenharia de tecidos ósseos, especialmente com o uso de membranas de barreira. Para a produção destas membranas, o fosfato tricálcico (TCP), têm sido amplamente investigadas por sua semelhança química e biológica aos tecidos ósseos e excelentes propriedades de biocompatibilidade e adesão celular. No entanto, há alguns inconvenientes em sua utilização: degrada-se um pouco mais rápido que a regeneração óssea e sua resistência mecânica é relativamente baixa. Para superar essas deficiências, muitas pesquisas vêm sido feitas para criar compósitos formados por TCP e polímeros com a finalidade de melhorar as propriedades mecânicas. Dentre esses polímeros, o poli (álcool vinílico) (PVA) é um material sintético que possui propriedades de biocompatibilidade e não-toxicidade sendo uma importante matéria-prima para fabricação de filmes. Contudo, sua rápida degradabilidade interfere negativamente na osteogênese devido a um tempo reduzido de interação entre o material e o osso. Uma possível solução para esse problema é a utilização de um agente reticulante, com por exemplo o ácido cítrico. Infecções são consideradas uma das complicações mais sérias durante o período pós-operatório. Uma resposta para essa problemática é o uso de um sistema antibacteriano. A atividade antibacteriana dos íons de prata é conhecida por ter fortes efeitos bactericidas, bem como um amplo espectro de atividades antimicrobianas. Em relação aos métodos de produção de filmes, a técnica de tape casting possui a vantagem de produzir filmes finos, de estrutura homogênea, com espessura controlada e em larga escala. Portanto, o objetivo deste trabalho é o produzir fitas cerâmicas à base de uma cerâmica, o tricálcio fosfato, e de um polímero, o PVA, contendo nanopartículas de prata através da produção de filmes finos pelo método de tape casting com o potencial para serem usadas como membranas de barreira, com efeito antibacteriano. A metodologia constou na produção de suspensões (caracterizadas através de ensaios reológicos) e de fitas cerâmicas, submetidas a, análise térmica (ATG e ATD), difração de raios X (DRX), fluorescência de raios X (FRX), grau de intumescimento, microscopia eletrônica de varredura (MEV-FEG), ensaios de bioatividade e citotoxicidade. Os resultados mostram que as suspensões apresentam comportamento pseudoplástico, adequado para o processo via tape casting. As curvas TG das fitas apresentam perfis semelhantes, no qual o processo total de perda de massa ocorreu, na faixa de temperatura de 30°C a 450°C. Os padrões de DRX das fitas cerâmicas revelam a formação de fase β-TCP segundo ficha padrão (JCPDS 009-0169). A composição química do material confirma a presença dos elementos que compõe a fase β-TCP e do elemento prata para as composições que contém o agente antimicrobiano. O grau de instumescimento das amostras valida a reticulação das amostras pelo aumento da resistência à agua das composições contendo o agente reticulante. É possível observar nas imagens de MEV estruturas homogêneas e a presença de macroporos e que o ácido cítrico modifica a estrutra das amostras, tornando-as mais compactas e menos porosas. O ensaio de bioatividade revela a formação de um precipitado nas superfícies das fitas cerâmicas, comprovando que o material é bioativo. Os resultados obtidos a partir da análise de citotoxidade confirma que o material viabiliza a propagação celular. Conclui-se, que o método empregado e as condições de processamento favoreceram a obtenção de fitas cerâmicas baseadas em TCP/PVA com potencial para serem utilizadas como membrana de barreira para regeneração óssea.