Banca de DEFESA: LUCAS JOSE DE MELLO LOPES

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LUCAS JOSE DE MELLO LOPES
DATA : 06/09/2023
HORA: 15:00
LOCAL: UFRN, CCHLA, Auditório D
TÍTULO:

O MUNDO COBERTO DE PENAS: UMA ANÁLISE CRONOTÓPICA DE VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS


PALAVRAS-CHAVES:

 literatura brasileira; Vidas secas; romance; cronotopo.


PÁGINAS: 102
RESUMO:

Esta dissertação se debruça sobre o romance Vidas secas [1938], de Graciliano Ramos. A obra ambienta-se no espaço rural do Nordeste brasileiro, com personagens aferradas a uma situação climática desfavorável e a relações de poder definidas pelo latifúndio. O foco da pesquisa está no modo como a realidade do espaço rural, com base no contexto de produção, se reduz estruturalmente e se irradia para a composição da obra. Objetiva analisar a construção do espaço-tempo rural em Vidas secas e as suas implicações para outros elementos da narrativa. Especificamente, almeja: a) recuperar o processo social-literário que enformou a obra; b) analisar a imagem de ser humano que surge da vinculação entre personagens, espaço, tempo e relações de poder; e c) verificar o desenvolvimento de atributos do gênero romance na obra. Para tal, foi realizada pesquisa bibliográfica e análise literária com base nos pressupostos da crítica integrativa de Antonio Candido, da teoria bakhtiniana do romance — especialmente do conceito de cronotopo — e da teoria dos modos de Northrop Frye. O exercício revelou que a elaboração do espaço-tempo dialoga com a realidade do país no momento de escrita: Graciliano Ramos, diante de um Brasil pautado na descrença, concebe um cronotopo circular que retoma formas pré-romanescas que contradizem a liberdade e a iniciativa criadora típica do romance moderno. Nesse cronotopo, denominado aqui de cronotopo da bolandeira e fundamentado num princípio de oposição, o tempo cíclico e o espaço marcado por relações de poder opressoras aprisionam Fabiano e sua família numa miséria aparentemente inescapável. Essas personagens, entretanto, são dotadas de uma consciência de si e do mundo que as eleva em meio a esse universo reificado. Embora não possam alterar significativamente o mundo negativo em que circulam, elas resistem e não se deixam contaminar pelo modus operandi do opressor. Assim, Ramos estabelece uma forma literária que, ao mesmo tempo que se alimenta do sentimento de desencanto e fracasso de sua geração, também o tensiona ao apontar um caminho de humanização contrário à barbárie civilizatória de sua época a partir de personagens aparentemente primitivas.

 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 3351552 - ROSANNE BEZERRA DE ARAUJO
Interno - 1000286 - ORISON MARDEN BANDEIRA DE MELO JUNIOR
Externa à Instituição - MARIA DA CONCEIÇÃO CRISOSTOMO DE MEDEIROS GONÇALVES MATOS FLORES
Notícia cadastrada em: 22/08/2023 20:50
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