CLAREIRAS NA NOITE. TRAVESSIAS E RESISTÊNCIA NAS CANÇÕES DO CLUBE DA ESQUINA
Clube da Esquina. Regime Militar Brasileiro. Semiótica da Canção.
Este trabalho tem por objetivo analisar o diálogo entre as canções do Clube da Esquina e as formas de repressão artísticas e políticas engendradas pelo regime militar brasileiro (1964-1985). Partindo da teoria da Semiótica da Canção desenvolvida por Luiz Tatit (1997; 2002; 2007) nossa reflexão realiza um recorte da obra dos cancionistas que nos permite identificar três momentos distintos de sua trajetória artística, a qual se inicia na segunda metade da década de 1960 e segue até a promulgação da Lei da Anistia Federal (1979). Em nossos estudos, almejamos, sobretudo, compreender os mecanismos de linguagem presentes nas canções e como tais construções permitiram o estabelecimento de uma obra politizada e crítica ainda que dentro de um contexto de alta censura artística. Dessa forma, observamos que a obra do Clube da Esquina delineia uma espécie de programa narrativo global no qual a noção de travessia, representada nas letras principalmente através da oposição entre os signos “noite” e “dia”, é assimilada como uma estética do próprio percurso de resistência do grupo em paralelo ao momento histórico e político no qual as canções se inscrevem.