ESTUDO DA OCORRÊNCIA DE RECIDIVAS APÓS ENUCLEAÇÃO, SEGUIDA DE OSTECTOMIA PERIFÉRICA E SOLUÇÃO DE CARNOY NO TRATAMENTO DAS LESÕES ODONTOGÊNICAS BENIGNAS AGRESSIVAS: RESULTADOS PRELIMINARES
Tumores Odontogênicos. Tratamento Conservador. Recidiva.
Este trabalho teve como objetivo verificar a taxa de recidivas e os fatores clínicos, radiográficos e cirúrgicos associados após a realização do protocolo de enucleação, seguida de ostectomia periférica e solução de Carnoy como tratamento das lesões odontogênicas benignas agressivas. Trata-se de estudo seccional retrospectivo com trinta pacientes submetidos ao protocolo no período de 2008 a 2018 que foram contatados e submetidos a exames clínicos e radiográficos a fim de verificar presença de recidivas. O trabalho foi constituído por duas fases, representadas pela coleta de dados dos prontuários (fase I) e retorno dos pacientes para análise clínica e radiográfica (fase II). Foram realizadas análises descritivas e estatísticas utilizando o programa Stata/IC versão 14.0 (StataCorp, College Station, TX). Utilizou-se o teste de Mann-Whitney, o teste exato de Fisher e o teste Chi-quadrado, além do método de Kaplan Meier e o teste Log-rank para verificar os possíveis fatores prognósticos para as recidivas, adotando-se p<0,05. A amostra foi composta por 22 pacientes com ceratocistos odontogênicos (73,3%), 3 mixomas odontogênicos (10%) e 5 ameloblastomas (16,7%). A recidiva acometeu 7 pacientes (23,3%), sendo todos os casos em ceratocistos odontogênicos, com o tempo mínimo de recidiva de 12 meses e máximo de 34 meses e tendo um acompanhamento máximo de 9 anos e 5 meses. Não foi verificado diferença estatística entre os fatores avaliados e o desenvolvimento de recidivas, mas os pacientes que permaneceram com dentes adjacentes a lesão após o procedimento cirúrgico apresentaram tempo de recorrência mais precoce. As curvas de Kaplan-Meier demonstraram um risco acumulado de mais de 80% para recidiva após 29 meses de pós-operatório e após 36 meses de acompanhamento, apenas 37,50% destes pacientes estariam livres de recidivas (p=0,023), além de terem 5,5 vezes mais chances de desenvolver recidivas do que os pacientes que tiveram seus dentes extraídos. Os resultados demonstraram que o protocolo apresentou recidivas inferiores ao que vem sendo demonstrado na literatura científica quando se compara a modalidade marsupialização e enucleação/curetagem isoladamente, considerando as mesmas lesões, entretanto apresentou resultados inferiores quando comparada a terapias semelhantes.