"Terra de charneca erma e de saudade: a contrução simbólica do Alentejo português na obra de Florbela Espancam (1916-1930)"
Florbela Espanca; Literatura; Alentejo; Construção poética dos espaços.
Nesse trabalho, investigaremos a construção simbólica de uma dada especialidade, partindo do pressuposto teórico de que os espaços são construções subjetivas que se dão no interior de diferentes culturas, articulando sentimentos e racionalidades, mas, sobretudo, os espaços são construções humanas conduzidas pelas relações sociais, fruto do investimento material e simbólico que traduz as necessidades de uma determinada sociedade em um dado momento de devir histórico. Nesse sentido, analisaremos a construção simbólica e imagética da região central de Portugal, o Alentejo, a partir da produção literária (1916-1930) da poeta portuguesa Florbela D’Alma Conceição Espanca. Propomos analisar a obra florbeliana não só a partir de sua relações internas, mas também externas, entre história, espaço e literatura. Dessa forma, propomos indagar acerca da dimensão simbólica – dos significados, das imagens e das representações – que incitou uma das mais controversas poetas portuguesa do início do século XX á se debruçar na construção poética do espaço alentejano, questionando não só os sentidos agenciados pelos discurso literário de Florbela Espanca para inventar o seu Alentejo, adornado pela memória, pela dor e pela saudade, mas investigar como o meio sociocultural em que viveu influenciou na sua obra, na sua vida e nas formas de sentir e viver o Alentejo . Para melhor compreendermos como a poeta significou a especialidade alentejana, ao longo desse trabalho problematizaremos três categorias de espaço na obra de Florbela Espanca: a região, o campo e a paisagem do Alentejo. Dessa forma, essa pesquisa se insere no campo da história cultural na medica que vamos trabalhar com toda a produção literária de Florbela Espanca, cartas, diários, fotos, e biográficas e críticas literárias, delimitando um recorte temporal de 1916 – início da atividade intelectual de Florbela Espanca – à 1930 – publicação de Charneca em Flor (póstumo) e os suicídio da poeta. Portanto, num constante exercício simbólico das palavras atravessado pelos sentimentos mais subjetivos do sujeito, a todo o momento nosso trabalho será guiado pelo questionamento do que seria o Alentejo para a poeta, que sentidos e significados atravessou essa especialidade que marcou tão soberanamente as memórias mais felizes e tristes da vida de Florbela Espanca.