O porto dos desejos: as obras de melhoramento do porto de Natal e a construção de uma nova cidade ( 1889-1913)
Porto, República e identidade.
No final do século do XIX e começo do XX, o porto de Natal seria alvo de uma série de intervenções promovidas pelo Estado, destinadas a melhorar as condições deste espaço. As condições precárias do porto eram apontadas pelos administradores norte-rio-grandenses como uma das grandes causas do isolamento e da estagnação econômica que acompanhavam à capital e o próprio Rio Grande do Norte durante o império. Os vários recifes espalhados ao longo do litoral, somados às dunas de areia que cercavam a cidade, depositando areia no leito do rio, dificultavam a entrada de navios de maior porte, impossibilitando a capital de realizar o escoamento da produção que vinha do interior. Apenas com a instauração do regime republicano, o pedido de verbas ao governo federal para os melhoramentos do porto foram aprovados. A partir deste momento, o porto passaria ser pensado, visto e dito de outra forma pelos grupos dirigentes locais, sendo apontado como símbolo do progresso e dos ideais de modernidade e civilidade. O objetivo desta dissertação é analisar as condições sociais de possibilidade da construção de uma nova maneira de pensar, ver e dizer o porto de Natal no período republicano, problematizando a emergência de novos sentidos que passam a ser atribuídos a este espaço num momento em que ele é alvo de várias intervenções. Buscamos analisar as mudanças materiais e simbólicas existentes no porto no período republicano, discutindo a própria noção de porto presente no pensamento dos grupos dirigentes locais norte-rio-grandenses. Utilizaremos com fontes, as matérias publicadas nos principais jornais natalenses da época, como A República e o Diário de Natal, além dos relatórios de presidente de província e do ministério da Indústria, Viação e obras públicas.