Autocuidado de usuários com diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica em condição pós-COVID-19.
Diabetes Mellitus; Hipertensão; Autocuidado; COVID-19; Teoria de Enfermagem; Enfermagem.
O diabetes mellitus e a hipertensão arterial sistêmica são doenças crônicas de etiologia múltipla, responsáveis pelas principais causas de mortalidade e morbidade, entre adultos e idosos, tornando-se um desafio para as políticas públicas e de saúde no Brasil e no mundo. Desafios estes, acentuados pela pandemia da COVID-19, por serem fatores de risco tanto para a gravidade da infecção como para incapacidades para realização das atividades de vida diárias pós-COVID. Com o objetivo de analisar as ações de autocuidado de pessoas com diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica em condição pós-COVID-19, à luz da Teoria de Orem, foi realizada uma pesquisa do tipo descritiva, transversal e exploratória, de abordagem quantitativa, no município de Ceará Mirim, região metropolitana de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, em 9 Unidades Básicas de Saúde da Família, na Zona urbana do município. A população de 6.932 incluiu usuários diabéticos e hipertensos, cadastrados nas 9 Unidades e a amostra correspondeu à 363, obtida a partir da amostragem aleatória estratificada, considerando intervalo de confiança de 95% com margem de erro de 5%. Foram incluídos usuários cadastrados nessas Unidades, com diagnóstico de diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial, tendo sido afetados pela COVID-19. Os dados foram obtidos através dos formulários estruturados, compostos por perguntas fechadas, “Ficha Clínica para quadro pós-COVID”, adaptado para a pesquisa, para os dados demográficos e condição de saúde e o “Manual do WHO Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0)”, para dados relacionados ao autocuidado. Foram aplicados através de entrevista estruturada, realizada nas Unidades e no domicílio do participante, conforme a disponibilidade dele. Os dados foram tabulados, organizados e analisados no programa Statistical Package for Social Science versão 22.0 e as variáveis sobre o autocuidado foram analisadas conforme a pontuação do “Manual do WHO Disability Assessment Schedule WHODAS 2.0”. Todos os procedimentos foram regidos pelos preceitos éticos da Resolução nº. 466/12 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisa com seres humanos. Os resultados indicam que os indivíduos em condição pós-COVID-19, são em sua maioria, do sexo masculino, com idade média de 57 anos, com pelo menos uma comorbidade, sendo o diabetes mellitus e a hipertensão arterial mais prevalentes e também é mais desenvolvida naqueles que necessitaram de internação e suporte de oxigênio durante a fase aguda da infecção. Na fase pós-COVID, identificou-se que ações de autocuidado como incapacidade para mobilidade e limitações nas atividades foram afetadas. Os sintomas físicos mais incidentes foram fadiga e dispneia e os cognitivos foram perda de memória, problemas de concentração e ansiedade. Ao final, foi possível identificar que a condição pós-COVID-19 provoca o surgimento de sintomas e consequências no autocuidado de indivíduos diabéticos e hipertensos. Essa identificação é fundamental para auxiliar na reabilitação das incapacidades funcionais e contribuir para definir fluxos e prioridades nos serviços de saúde e na assistência de enfermagem no cenário pós pandêmico.