" MÚSICA E SURDEZ: O ENSINO DE MÚSICA NUMA PERSPECTIVA BILINGUE NA ESCOLA REGULAR
Ensino de Música. Surdez. Educação Inclusiva.
ize-adjust: auto; -webkit-text-stroke-O presente estudo centra-se no desenvolvimento de atividades pedagógicas no Ensino de Música, a fim de viabilizar o conhecimento musical de alunos surdos e ouvintes, sob uma perspectiva bilíngue, na escola regular. Os poucos estudos existentes na área da Música e Surdez estão centrados nos contextos de educação especial, direcionando o trabalho especificamente ao aluno surdo, havendo, no entanto, a emergência para a perspectiva de apreender tal questão em contexto inclusivo, atuando empiricamente no chão da escola. Desse modo, desenvolvemos nosso estudo em uma escola da rede municipal da cidade de Natal, junto a uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental, composta por 37 alunos, sendo 3 surdos; tendo por objetivo, desenvolver uma proposta de intervenção pedagógica no Ensino de Música, sob a perspectiva bilíngue, contemplando alunos surdos e ouvintes, em um contexto de escola regular, respaldados nos aportes teóricos apresentados por Penna (2010), Brito (2001) e Fonterrada (2008), no que tange à educação musical; e Haguiara-Cervellini (2003), Fink (2009) e Louro (2006), no que se refere à perspectiva do ensino inclusivo de música. Na busca de atingir tal objetivo, desenvolvemos uma proposta de intervenção, com base nos ditames metodológicos da pesquisa intervenção, fundamentados nos estudos de Jobim e Souza (2011), à luz das concepções teóricas de Mikhail Bakhtin, reconhecendo que o conhecimento é produzido pela interação entre sujeitos, de maneira dialógica e alteritária. Tal metodologia foi materializada na realização de oficinas pedagógicas, entendidas como espaços de construção de saberes que mobilizam ludicamente todos os envolvidos em atividades de experimentação musical. Do ponto de vista do conteúdo, tais oficinas centraram-se no Pulso e no Ritmo, elementos básicos da educação musical, enfocando que a percepção e a sensibilização, centradas em tais elementos, não se limitam à condição sensorial auditiva do aluno, na medida em que se elege o corpo como agente de apreensão e de expressão. Assim, iniciamos nosso percurso de trabalho partindo da identificação e da percepção do pulso, a partir do próprio corpo e do corpo do colega, representando-o por meio de expressões e movimentos. A partir daí, esse pulso, do corpo foi expandido para um instrumento rítmico, o qual, em seguida, foi representado graficamente em fichas rítmicas, num processo de leitura e de produção; até chegarmos à aula-apresentação do grupo musical De Pau e Lata. Em nossas análises, frente aos desafios e possibilidades do estudo, pudemos constatar a participação, de maneira satisfatória, de todos os alunos, realizando as atividades propostas nas aulas, questionando quando não compreendiam, se posicionando quando 7 achavam necessário, opinando sobre o trabalho realizado, avaliando as oficinas ministradas, interagindo, auxiliando-se nas atividades, construindo conhecimento juntos, experimentando e experienciando corporalmente elementos musicais em atividades aplicadas a ambos os grupos. Tais indicativos nos conduzem a explicitar a viabilidade do ensino de música para surdos e ouvintes, em uma perspectiva bilíngue, tendo como referência as experiências corporais e o respeito às singularidades comunicativas e culturais dos envolvidos, assegurando, também, o agenciamento da Língua de Sinais como mediadora do processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino de Música. Surdez. Educação Inclusiva.