ANÁLISE DA NÃO-ESTACIONARIEDADE DA PRECIPITAÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Não-estacionariedade. Precipitação. Tendências. Recursos hídricos. Mudanças climáticas.
Nos últimos anos, têm sido oferecidas evidências cada vez mais contundentes da ocorrência do aquecimento global, e seus efeitos presentes e futuros na dinâmica climática terrestre têm sido constante objeto de estudo. Prevê-se que tais mudanças terão um impacto considerável na engenharia de recursos hídricos, especialmente no que se refere à distribuição, frequência e intensidade dos eventos de precipitação. Assume-se, em geral, que as precipitações variam ao longo do tempo de forma aleatória dentro de uma certa faixa de variabilidade, ou seja, de forma estacionária, e tal princípio guia desde os projetos de drenagem de uma cidade até o planejamento do abastecimento de água de um estado. No entanto, observando séries históricas de precipitação, podem ser observadas tendências ou “saltos” nas séries pluviométricas, o que as classificariam como não-estacionárias, característica que tende a tornar-se mais frequente com as mudanças climáticas em curso. Este projeto de pesquisa, portanto, tem o objetivo de investigar a existência de não-estacionariedade em dados de séries históricas de 50 estações do estado do Rio Grande do Norte - inserido, em sua maioria, na região do clima semiárido, que passa constantemente por crises hídricas e exige uma gestão de recursos hídricos particularmente cuidadosa. Neste estudo, serão utilizados dados de precipitação dos anos de 1963 a 2010, e a partir de uma série de 13 índices relativos a valores totais e extremos de precipitação, serão empregados quatro diferentes métodos estatísticos não-paramétricos para a detecção de tais mudanças: os testes de Mann-Kendall e Spearman para detecção de tendências, o método de Theil-Sen para estimativa da declividade da tendência, e o teste de Pettitt para detecção de pontos de mudança na distribuição. Resultados preliminares foram apresentados para a série referente à cidade de Natal, capital do estado, em que foram identificados significativos sinais de tendência à diminuição de dias úmidos consecutivos por ano; ao mesmo tempo, eventos de chuvas extremas parecem se tornar mais intensos e frequentes.