AS TIRINHAS COMO FERRAMENTA DE LEITURA CRÍTICA NA SALA DE AULA
Língua portuguesa. Leitura. Multimodalidade. Gênero textual tirinha. Intervenção pedagógica.
Uma das competências esperadas no tocante ao ensino de língua portuguesa nas etapas finais do ensino fundamental, segundo a BNCC (2018), é a de que o aluno possa ler, escutar e produzir textos orais, escritos e semióticos que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e criticidade. Todavia, esse ainda se constitui como um dos grandes problemas encontrados na sala de aula, haja vista grande parte dos alunos apenas decodificarem o que está posto nos textos, não conseguindo realizar leituras mais profundas dos textos. Frente a isto, este trabalho visa propor estratégias para o desenvolvimento de uma leitura crítica nos alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, a partir de um planejamento didático-pedagógico com o gênero multimodal tirinha. Para embasar nossa pesquisa, recorremos às contribuições teóricas de Dionísio (2011), Dionísio, Vasconcelos e Souza (2014), Cani e Coscarelli (2016) e Ramos (2009) para abordarmos questões referentes aos textos multimodais e à sua leitura; os estudos de Marcuschi (2008) sobre os gêneros textuais; Antunes (2003; 2009) e Geraldi (1997) para embasar o ensino de Língua Portuguesa; e Schneuwly, Dolz e Noverraz (2004) para discutirmos aspectos concernentes ao trabalho com a sequência didática na sala de aula, o qual embasará a nossa proposta de intervenção. Do ponto de vista metodológico, esse trabalho segue as orientações propostas por Thiollent (1986) sobre pesquisa-ação, com abordagem qualitativa dos dados conforme Flick (2009). Utilizamos, ainda, os direcionamentos apresentados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e pela Base Nacional Comum Curricular (2018) no tocante às orientações para o ensino-aprendizagem da língua materna. Os resultados obtidos, por um lado, levaram-nos a reconhecer, a partir do questionário aplicado, que a leitura ainda é concebida pelos alunos numa perspectiva linguística, centrada na linguagem verbal escrita. Por outro lado, os dados revelaram que os alunos são receptivos a textos que se apresentem com imagens, colocando o gênero tirinha como um dos que eles mais costumam ler. Desse modo, a escolha dos gêneros a serem trabalhados nas atividades de leitura deve levar em consideração essas questões para que o docente possa trabalhar de forma a desenvolver a leitura numa perspectiva crítica.Também, considerando os pressupostos que norteiam essa pesquisa e que sustentam a sequência didática elaborada, entendemos que esta se configura como uma possibilidade de trabalho com a leitura, buscando alcançar a formação de um indivíduo crítico e reflexivo, capaz de atribuir sentidos ao texto, ultrapassando os limites do que se apresenta na superfície textual do gênero tirinha e, consequentemente, de outros gêneros verbo-visuais. Assim, acreditamos na relevância desse trabalho para o ensino de língua portuguesa, uma vez que propicia aos alunos o contato com a leitura através de um gênero que aborda reflexões e críticas de cunho real e social, fazendo com que eles teçam análises além do que está explícito no texto, colaborando, dessa forma, para a formação de um leitor crítico.