A CONFIANÇA INTERORGANIZACIONAL NAS COMPRAS
Confiança interorganizacional, Compras, Relação comprador-fornecedor.
Esta pesquisa se insere no campo dos estudos organizacionais, focalizando o comportamento de compra organizacional e, de forma específica, a confiança interorganizacional nas compras. Esse tema é atual e relevante por abordar o desenvolvimento de boas relações entre comprador-fornecedor que amplia a troca de informações, amplia o tempo de relacionamento, reduz os controles hierárquicos e melhora o desempenho. Além disso, embora exista uma vasta literatura sobre confiança, os trabalhos científicos que tratam especificamente da confiança interorganizacional ainda carecem de mais pesquisas que sintetizem e validem as variáveis geradoras desse fenômeno. Nesse sentido, essa investigação consiste em explicar os antecedentes da confiança interorganizacional pela relação entre os construtos desempenho operacional, características organizacionais, compartilhamento de valores e relacionamento interpessoal nas compras realizadas pelas industriais de transformação, a fim de desenvolver uma literatura robusta, mais consensual, que contemple as correntes sociológicas e econômicas, considerando o efeito das relações interpessoais nesse fenômeno. Essa proposta se configura em uma nova visão dos antecedentes da confiança interorganizacional, descritos como significativos com base nos modelos quantitativos de Morgan e Hunt (1994), Doney e Cannon (1997), Zhao e Cavusgil (2006) e Nyaga, Whipple, Lynch (2011), bem como da análise qualitativa de Tacconi et al. (2011). No que se refere aos aspectos metodológicos, o estudo assume a forma de uma pesquisa descritiva, do tipo survey, e causal de cunho teórico empírico. Quanto à sua natureza, a investigação, de caráter explicativo, se desenvolveu em uma abordagem quantitativa, com o uso da análise fatorial exploratória e da modelagem de equações estruturais – SEM, com o recurso do software IBM SPSS Amos 18.0, utilizando o método da máxima verossimilhança e apoiada pela técnica de bootstraping. A unidade de análise foi a relação comprador-fornecedor, em que o objeto investigado era a organização fornecedora na visão da empresa compradora. Foram coletados 237 questionários válidos, entre os informantes-chaves, utilizando uma amostragem aleatória simples desenvolvida nas indústrias de transformação (CNAE 10 a 33), localizadas na cidade do Natal e na região da Grande Natal. Os primeiros resultados das análises descritivas demonstram o fenômeno da confiança interorganizacional na qual as empresas compradoras acreditam, se sentem seguras em relação à empresa fornecedora. Essa manifestação apresentou altos níveis de intensidade, com predominância entre os fornecedores que suprem a empresa com os materiais que são utilizados diretamente no processo produtivo. As análises fatoriais exploratórias e confirmatórias, realizadas em cada construto isoladamente, geraram-se um conjunto de variáveis observáveis e não observáveis mais consistentes, que juntas formaram um modelo que precisou de reespecificação. Esse modelo reespecificado foi constituído por trajetórias positivas, com bom ajustamento, com confiabilidade composta e variância extraída satisfatórias, assim como demonstra validade convergente e discriminante, nas quais as cargas fatoriais são significativas e com forte poder explicativo. Diante das constatações que reforçam o modelo reespecificado aos dados, sugerindo uma elevada probabilidade de que esse modelo seja o mais ajustado para a população em estudo, os resultados suportam a explicação de que confiança interorganizacional nas compras depende diretamente do relacionamento interpessoal, do compartilhamento de valores e do desempenho operacional e indiretamente das relações pessoais, redes sociais, características organizacionais, aspecto físico e relacional do desempenho. Conclui-se que essa confiança pode ser explicada por um conjunto de interações entre esses três determinantes, nos quais o ponto central recai sobre o relacionamento interpessoal, que apresentou o maior coeficiente de trajetória para o fator em estudo.