O QUE IRREVELADO SE MOVE EM SUA CARNE: O DESEJO EM AVALOVARA, DE OSMAN LINS
Avalovara; Desejo; Criação literária; Osman Lins; Literatura
brasileira.
RESUMO
Esta tese centra-se no romance Avalovara (1973), de Osman Lins, e propõe uma leitura na qual o desejo desponta como transgressão e questão fundante, como força de escrita. Obra experimental e que conta a si mesma de maneira fragmentada, a obra de Lins proporciona múltiplas possibilidades de leitura. Avalovara se tece entre avanços e recuos, entre partidas e chegadas, em uma espécie de mobilidade desejante.
Na presente análise, parte-se, sobretudo, da compreensão do desejo enquanto produção, em seu caráter ambíguo, como dispersão e unidade, Busca que não visa meramente uma satisfação ou preenchimento, porque isso seria embotar os sentidos, se deixar mortificar. Desejar é desarranjar o real, é fabricar continuamente arranjos novos. E é por desestruturar o real que o desejo em Avalovara é revolucionário.
Assim, a presente análise pretende observar as formas como o desejo se movimenta pela narrativa, os agenciamentos que ele produz, bem como suas contribuições para novas possibilidades orgânicas no texto. Como o desejo passa irremediavelmente pelo corpo, analisa-se a constituição dos corpos das personagens, bem como as maneiras que elas afetam e são afetadas pelo mundo à sua volta.
Acionarei visadas do desejo presentes no pensamento de Deleuze e Guattarri, inspirados por Spinoza, até o desejo enquanto falta, conforme expresso por Platão, além do livro O desejo (1990), organizado por Adauto Novaes, que traz uma série de ensaios sobre o tema. A tese traz, ainda, como apoio teórico, a escrita ensaística do próprio Osman Lins, reflexões de Jean-Paul Sartre, Maurice Blanchot e Roland Barthes.