Caracterização do nicho alimentar do polvo Octopus insularis: da população ao indivíduo
Octopus insularis, Polvo, Nicho Alimentar, População, Personalidade
Octopus insularis, espécie alvo deste estudo, é o polvo bentônico dominante das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Estudos sobre comportamento e ecologia da espécie tem sido realizados prioritariamente em ilhas oceâncias, com poucas informações sobre as populações continentais. No presente estudo, duas regiões da costa do RN, Rio do Fogo e Pirangi, foram escolhidas para a caracterização do nicho ocupado pelas populações de O. insularis. Os nichos alimentares, habitat e distribuição do O. insularis das ilhas oceânicas e do continente, foram comparados. Adicionalmente, características individuais do comportamento alimentar em uma população do Atol das Rocas foi estudada, levando em consideração o tamanho do individuos e caracteristicas da sua “personalidade”. A dieta da população de Rio do Fogo foi composta principalmente por moluscos bivalves (82%), diferentemente da população Pirangi que possui uma dieta composta principalmente por crustáceos decápodas (68%), similar ao descrito para as populações das ilhas. Consequentemente, os nichos alimentares das populações das ilhas foram mais próximos, com maior sobreposição, porém a largura do nicho no continente foi maior. Os habitas de ocorrência da espécie na costa inclui recifes, rochas, cascalho e uma ambiente denominado restinga, um plato biogênico composto por cascalho, areia, esponjas e algas, onde foi encontrada uma alta densidade de animais. De modo similar ao encontrado nas ilhas, os polvos no continente, apresentaram um distriuição agrupada, e uma segregação entre indivíduos pequenos e grandes, em relação a profundidade e ao habitat As diferenças na composição da dieta entre as populações foi explicada pela difereças nos habitats e cobertura do substrado, que podem estar influenciando diretamente na diversidade e disponibilidade de presas nestes ambientes. As análises individuais da população do Atol das Rocas, não apontaram diferenças nos graus de especialização entre indivíduos de diferentes tamanhos e com diferentes personalidades, indicando a tendência à uma estratégia de forrageio com prioridade pela presa com maior disponibilidade no ambiente em detrimento à preferências ou capacidades de aprendizado individuais.