CORAIS BRASILEIROS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: PROJEÇÕES FUTURAS E HOTSPOTS DE VULNERABILIDADE
Branqueamento de corais ; Modelagem Hierárquica Bayesiana ; recifes de alta latitude;hipótese de refúgio; Atlântico Sul Ocidental
Mudança climáticas são uma grande ameaça aos recifes de coral em todo o mundo, aumentando a frequência e a severidade dos eventos de branqueamento, resultando na perda da cobertura viva de corais, reduzindo a complexidade e a diversidade desses ecossistemas. Eventos repetidos e mais intensos de branqueamento podem reduzir a tolerância térmica e a capacidade de recuperação de espécies de corais. Portanto, os corais poderão depender de refúgios em áreas que se tornarão mais adequadas para sua ocorrência (e.g., recifes extratropicais); áreas menos afetadas pelo aumento da temperatura (e.g., recifes mais profundos); ou onde os impactos humanos locais são minimizados, potencialmente permitindo aclimatação e adaptação. Assim, identificar potenciais refúgios e as áreas mais vulneráveis ao branqueamento de corais é fundamental para minimizar os impactos locais, aumentando a capacidade dos corais de lidar com as mudanças climáticas globais. Utilizamos a Modelagem Espacial Hierárquica Bayesiana para projetar a ocorrência de corais, probabilidades de cobertura e branqueamento ao longo da costa brasileira, que abriga os maiores e mais ricos recifes marginais do Atlântico Sul Ocidental. Através desses modelos, projetamos como essas probabilidades mudarão nos anos de 2050 e 2100, com base no cenário RCP8.5 prevista pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Ao sobrepor modelos de ocorrência, cobertura e branqueamento, identificamos as áreas mais vulneráveis ao branqueamento de corais (hotspots) nos cenários atual e futuros. Identificamos maiores probabilidades de ocorrência e cobertura de corais em regiões tropicais do que em regiões subtropicais do Atlântico Sul Ocidental. Nos cenários de 2050 e 2100, as projeções indicam um aumento na probabilidade de ocorrência e cobertura de corais em direção a recifes extratropicais e mais profundos, que poderiam atuar como refúgio. Entretanto, o papel dessas áreas como refúgio também depende da probabilidade de branqueamento, que tende a aumentar em projeções futuras, e dos efeitos sinérgicos de outros impactos antropogênicos. Os hotspots de vulnerabilidade estão concentrados em torno do Banco dos Abrolhos, a maior e mais rica área de recifes de corais do Atlântico Sul, tanto nas projeções atuais quanto nas futuras. Essa área compreende uma rede de áreas marinhas protegidas que devem ser reforçadas para mitigar os impactos locais e aumentar a capacidade dos corais em lidar com o aumento da temperatura. A combinação das abordagens de modelagem pode ser uma ferramenta poderosa para informar as ações de conservação para enfrentar as mudanças climáticas globais, levando em consideração as probabilidades futuras de expansão de ocorrência, mudanças de abundância e maior intensidade de branqueamento.