INFLUÊNCIA DA SECA EXTREMA NA DINÂMICA FITOPLANCTÔNICA DE UM RESERVATÓRIO DA REGIÃO TROPICAL SEMIÁRIDA: UMA ABORDAGEM MORFO-FUNCIONAL
eutrofização, flutuações no nível da água, qualidade da água, grupos funcionais
As secas são fenômenos climáticos que têm ocorrido com maior frequência nas últimas décadas e comprometem o fornecimento de água potável em regiões semiáridas. A escassez de chuvas aliada às altas taxas de evaporação nessas regiões causam reduções significativas nos volumes dos reservatórios. Essas condições, por sua vez, favorecem a concentração de nutrientes e o crescimento excessivo da biomassa fitoplanctônica que inclui florações de cianobactérias potencialmente tóxicas. Portanto, há uma tendência de que o processo de eutrofização se intensifique nesses reservatórios de durante períodos de seca. A comunidade fitoplanctônica é capaz de responder rapidamente às mudanças ambientais relacionadas à disponibilidade de nutrientes e luz, por meio de sua biomassa e composição, sendo considerado como um bom preditor das variáveis ambientais. O objetivo desse estudo foi avaliar a influência de um período de seca extrema sobre a disponibilidade de luz, nutrientes e sobre a biomassa fitoplanctônica, utilizando duas abordagens funcionais (Grupos Funcionais de Reynolds e Grupos Morfo-funcionais de Kruk) em um reservatório da região semiárida brasileira. Além disso, buscou-se comparar qual das abordagens melhor explicou tais mudanças ambientais. No presente estudo, foi constatado que a redução de 90% do volume do reservatório, em conjunto com a redução da luminosidade e o aumento da disponibilidade de nutrientes, promove um aumento da biomassa algal. Os resultados das análises multivariadas utilizando ambas as abordagens funcionais diferenciaram as amostras dos períodos de volumes altos e volumes baixos, sendo a luminosidade e os nutrientes as principais variáveis ambientais que melhor explicaram a associação dos grupos funcionais. A comunidade fitoplanctônica sofreu mudanças em sua composição funcional inicial, caracterizada por organismos típicos de ambientes meso-eutróficos (grupos F e J), para organismos descritores de ambientes eutrofizados e túrbidos (SN, S1 e III e VII). A abordagem que mais explicou a variação dos dados foi a Morfo-Funcional, porém, apresentou menor sensibilidade em detectar a contribuição do grupo IV em condições de maior luminosidade. A abordagem de grupos funcionais de Reynolds descreveu de maneira mais detalhada a dinâmica fitoplanctônica associada à redução do volume.