Mulheres camponesas; Luta pela terra; Ecologia Política; Interseccionalidade
A pesquisa que se delineia problematiza no âmbito História questões relacionadas às lutas por direitos à terra e a agroecologia nos movimentos sociais do campo, representadas pelos protagonismos femininos acontecidos na Microrregião do Brejo, no estado da Paraíba/PB. Meu objetivo é problematizar como quatro mulheres, líderes camponesas, apresentam em suas histórias de vida, resistências políticas, representadas pela intersecção das variantes de classe, raça e de gênero, frente ao discurso patriarcal colonial entre os anos de 1980 e os dias atuais, se apropriando das bandeiras de lutas da agroecologia como potência para uma ecologia política possível. Analiso a interseccionalidade, como categoria epistêmica explicativa para a História das mulheres camponesas na Paraíba. A metodologia adotada segue os caminhos da História Oral, definida neste texto, como caminho para a obtenção e construção de fontes. No que se refere a memória, esta, se consolida como elemento de coesão de grupos e coletivos de camponesas no Brejo, sendo referendadas como elementos de pertencimento às lutas pela terra em suas diversas perspectivas. Hoje, muitas destaslideranças em seus relatos trazem o protagonismo e a vivacidade de quem por muito tempo vem lutando por pautas sociais para os mais pobres no Brasil, e, neste sentido, esta tese é uma contribuição no campo das humanidades, para a história e memória dessas lutas. Sobre as temporalidades desta pesquisa, posso dizer que as “idas e vindas” ao passado, representadas nas memórias das mulheres líderes camponesas, não me permitem fixar uma baliza temporal, pois se assim eu fizesse, estaria deixando lacunas que não me permitiriam problematizar ancestralidades, relações de pertence, amizades e formação políticas construídas por elas nos anos de 1980 nas lutas pela terra e que continuam vivas em suas memórias. As lutas atuais pela agroecológica, pelo feminismo e pela participação política presente em suas atuações não podem ser dissociadas ao que se viveu no passado. Portanto, as multitemporalidades que percorrem esta tese fazem dela “árvore”. Que tem “terra” e “sementes” no passado, tronco que acompanha as trajetórias de formação política destas lideranças, “folhas”, “flores” e “frutos” nas pautas políticas do hoje.