ILHA BELA, ESPAÇOS DA RECORDAÇÃO: Entre ruínas, memórias e o direito de narrar (Ceará-Mirim, 2002-2022).
Ilha Bela, memória, identidade, patrimônio.
Este trabalho tem como objetivo analisar a memória construída para a comunidade de IlhaBela, localizada na zona rural da cidade de Ceará-Mirim, que faz parte da regiãometropolitana da capital do Rio Grande do Norte. Mais especificamente, o estudo aquianalisado parte das memórias dos reminiscentes da Ilha Bela no tempo presente, o tempo dasruínas. A comunidade entrou em processo de arruinamento na década de 1990, quando seusúltimos moradores foram obrigados a deixar suas residências, que em seguida foramdemolidas, restando apenas as ruínas do prédio da usina de açúcar, que foi a base econômicada população ilhabelense e parte importante da produção açucareira na cidade de Ceará-Mirim. A partir da década de 1990, quando as casas foram demolidas, o grupo dereminiscentes que vivenciou o lugar no tempo em que a usina ainda produzia e servia devínculo empregatício sentiu a necessidade de continuar a se reunir para rememorar os anos deprática e experiência no local que faz parte de suas histórias de vida. Os encontros de ex-moradores da Ilha Bela se iniciaram no ano de 2002, e a partir de então acontecem todos osanos, no mês de dezembro, reunindo sujeitos que hoje habitam diferentes estados do país. Asreuniões crescem em número de presentes a cada ano, e serviram de inspiração para aprodução de um livro de memórias sobre a Ilha Bela, escrito pelo ex-morador da comunidadeFrancisco Canindé Dias, que publicou o seu texto intitulado “Recordações da Ilha Bela” noano de 2007. O livro compõe as fontes principais analisadas neste estudo sobre as memóriasde Ilha Bela no tempo presente e as memórias que vêm sendo construídas com o passar dosanos nas reuniões anuais e que servem de objeto de representação para o grupo que persisteem recordar o espaço