NAS RUAS E NAS REDES: A AÇÃO POLÍTICA DO MOVIMENTO BRASIL LIVRE E A REORGANIZAÇÃO DA NOVA DIREITA BRASILEIRA NA DISPUTA DE HEGEMONIA
Movimento Brasil Livre; Direita; Ação Política; Revolução Passiva; Hegemonia.
O objetivo geral desta pesquisa é investigar a ação política do Movimento Brasil Livre (MBL) no contexto de reorganização da direita no Brasil e das disputas de hegemonia que colocaram um fim no ciclo dos governos petistas. O MBL foi criado após as mobilizações de junho de 2013, como uma marca do grupo Estudantes Pela Liberdade (EPL), uma versão brasileira do Students For Liberty (SFL). A organização é apontada como a principal articuladora dos protestos realizado pela direita entre 2014 e 2016 que levou a um golpe jurídico-midiático-parlamentar, destituindo a presidenta Dilma Rousseff e proporcionando à chegada da ultradireita ao poder, em 2018. Como metodologia, o estudo se propõe a fazer uma análise de conteúdo, examinando os dados coletados a partir do levantamento das notícias veiculadas pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de São Paulo, no período de 2014 a 2016, sobre os protestos convocados pela oposição ao então governo Dilma. O segundo material empírico consiste na análise de postagens coletadas da página do MBL no Facebook, no período de 2014 a 2018. Para compreender o contexto político, social e econômico, a pesquisa utiliza o conceito revolução passiva (GRAMSCI, 2007) como chave interpretativa para compreender a modernização do estado brasileiro (AGGIO, 1998; COUTINHO, 1988; DREIFUSS, 1986; VIANNA, 1998), uma vez que as saídas “pelo alto”, sem a participação popular, e o processo de “conservar-mudando” são recorrentes na historiografia brasileira, inclusive na interpretação para o ciclo de governos petistas (VIANNA, 2011; OLIVEIRA, 2010; COUTINHO, 2010; SINGER, 2012; BIANCHI, 2017). Ademais, a formação das direitas no Brasil acompanha a longa revolução passiva brasileira, visto que a direita sempre esteve associada às elites no poder (SADER, 1995). Dentre os resultados, pode-se observar que a “nova direita” dos anos 2000 promoveu uma atualização da ação política, contexto em que surge o MBL. Com isso, percebe-se que o grupo atua tanto “nas ruas”, executando uma mobilização e encenação política, quanto “nas redes” sociais on-line, executando a “permanente invenção do inimigo”.