CARTOGRAFIA FITOGEOGRÁFICA PARA GESTÃO TERRITORIAL DO RIO GRANDE DO NORTE: DOCUMENTOS HISTÓRICOS E ANÁLISE GEOESPACIAL
História da Cartografia. Fitogeografia. Gestão do Território. Rio Grande do Norte.
A cobertura vegetal terrestre há muito tem despertado interesse do homem, que no decorrer dos tempos a ela se voltou de maneiras diversas, ao buscar o conhecimento de suas características biológicas, ecológicas e geográficas, além da descoberta das potencialidades de sua exploração. Em meio a essa constelação de interesses, a Cartografia se destacou como importante estratégia para ler, interpretar e representar a vegetação, dada a sua função de proporcionar a visualização da realidade em escalas acessíveis ao campo de visão humano, ajudando a identificar a distribuição dos grupos florísticos, explicá-los em conjunção com os demais elementos ambientais e pensá-los em meio ao desafio de equacionar as necessidades antagônicas de utilização da vegetação como um recurso e a da sua preservação. Nesse sentido os produtos cartográficos da vegetação do Rio Grande do Norte elaborados pela a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS) e Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) sob esse esse ideário, à época, promoveram um entendimento pleno das áreas representadas, materializando o conhecimento espacial até então existente, o qual permitiu agir sobre o território. Hoje, por outro lado, esses registros são importantes fontes documentais que permitem explorar problemáticas da ação humana da época de sua elaboração e uso. Sabendo que os mapas carregam consigo uma dimensão que vai além do mero registro da realidade e que a investigação de seu conteúdo e dos documentos correlatos revela a carga contextual a eles inerente, acredita-se que o conjunto cartográfico histórico constituiu importante ferramenta na transformação do território potiguar, permitindo o estabelecimento de determinados usos pela ação planificada. Em combinação com os dados espaciais mais de sobre a distribuição da vegetação, tais registros conduzem ao entendimento da constituição fitogeográfica potiguar, fornecendo assim subsídios à gestão do território. Em decorrência dessa assertiva, o trabalho se pauta na busca de atingir o objetivo geral de analisar a cartografia histórica elaborada pelas instituições oficiais do século XX, discutindo suas influências no território. Para tal, se estabeleceu como base metodológica multirreferencial que envolve os preceitos História da Cartografia, na análise do contexto dos mapas, a Fitogeografia, enquanto pensada em comunhão com a sociedade, e a Análise Geoespacial, por sua vez aplicada ao estudo dos fenômenos relacionados à distribuição da vegetação potiguar. Além disso, como foco da análise e discussão dos resultados foram estabelecidos os conceitos de território, região e paisagem, e as categorias seletividade, tecnificação, diversidade e tempo.