A EXPANSÃO REGIONAL DAS REDES DE PODER DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS NO BRASIL
Igreja Universal do Reino de Deus, redes, desenvolvimento regional e estratégias espaciais
O pentecostalismo se tornou o fenômeno religioso mais significativo no Brasil da segunda metade dos séculos XX e início do XXI, reverberando em sua estrutura social, cultural, política e econômica. A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), fundada em 1977, pelo bispo Edir Macêdo, apesar de não ser pioneira foi a principal protagonista nesse processo, produzindo uma nova dinâmica de expansão baseada no desenvolvimento e integração de múltiplas redes de poder que ultrapassaram o campo religioso convencional ao conquistar espaços nos circuitos superiores de produção da economia urbana, e em particular na indústria midiática, sempre interagindo fortemente com a reconfiguração regional brasileira posta em cada período. Vislumbrando as condicionantes espaciais da expansão e capilarização das redes iurdianas de poder, o núcleo central da tese buscou evidenciar que o desenvolvimento institucional e territorial da IURD de modo a completar sua universalização pelo território brasileiro, foi estruturado a partir de múltiplas estratégias, todas adequadas às condições geográficas específicas encontradas pela cúpula da Igreja (sobretudo a expansão das redes técnicas de informação e de circulação no território, e a normatização do território). Em outras palavras, a presente tese esteve sempre atenta ao ritmo das mudanças sociais e técnicas que marcaram a evolução do processo de integração diferenciada das macrorregiões brasileiras, particularmente no período de 1990 a 2010, quando a última fronteira ao evangelismo iurdiano é cruzada com sua tardia, mas intensa presença na Região Norte. A dispersão regional das redes iurdianas foi desvendada nos diferentes arranjos infraestruturais apresentados, entre eles, as redes de templos, de emissoras de radiodifusão e teledifusão, e a estrutura político partidária. Todos esses subsistemas possibilitaram a superação das contingências impostas pelas heterogeneidades do desenvolvimento socioeconômico nas regiões brasileiras, facilitando, assim, o controle e mobilização do fluxo de pessoas e de informação, bem como, o acesso às áreas mais remotas do territóriobrasileiro.