ESTUDO DOS ASPECTOS CLÍNICO-PATOLÓGICOS E DA IMUNO-EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS APE1 E XRCC1 EM UMA SÉRIE DE LEUCOPLASIAS ORAIS
Leucoplasias orais; Displasia epitelial; Reparo do DNA.
Introdução: A leucoplasia oral (LO) é a desordem potencialmente maligna mais frequente encontrada na prática odontológica. Ao exame de biópsia a maioria das LO exibe mudanças histológicas que podem estar associadas ou não a uma displasia epitelial (DE), entretanto, não há um consenso se a presença de DE é indicativa de transformação maligna. O reparo do DNA é um importante mecanismo genético relacionado à carcinogênese. Nesse processo, genes e proteínas específicas são utilizadas para detecção e remoção do dano com posterior reparo do DNA, destacando-se nesta pesquisa, a via de reparo por excisão de base (BER), na qual as proteínas APE1 e XRCC1. Assim, o objetivo desse estudo foi verificar se as proteínas APE1 e XRCC1 encontram-se associadas a parâmetros clínico-patológicos das LOs. Métodos: Foram selecionados 40 pacientes diagnosticados com LO, os dados clínicos foram coletados nos prontuários clínicos e nas consultas de acompanhamento de cada paciente e, para cada caso, foi realizada a análise morfológica, nos casos onde houve DE, foi realizada a gradação histopatológica de DE de acordo com a Organização Mundial de Saúde. A expressão imuno-histoquímica de APE1 e XRCC1 foi avaliada em 24 casos de LO e em seis casos de mucosa oral normal (MON). Os testes Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher foram realizados para determinar a associação entre as expressões das proteínas e as características clínico-patológicas (significância de p≤0,05). Resultados: Dos 40 casos de LOs, 65% eram do gênero feminino, com idade média de 58 anos. Trinta pacientes possuíam histórico de tabagismo. A língua foi o sítio anatômico mais acometido (27.5%). Trinta e dois casos apresentaram lesões homogêneas, enquanto 60% e 41.2% dos casos exibiram lesões múltiplas e recidiva das lesões, respectivamente. Foi observada associação estatisticamente significativa nos casos gradados como DE moderada/severa com o aspecto clínico não-homogêneo da lesão (p=0.039). As proteínas APE1 e XRCC1 apresentaram alta expressão na MON e na LO independente da presença ou não de displasia epitelial. A APE1 demonstrou imunomarcação nuclear em 60% dos casos gradados como DE moderada ou severa (p=0.005). Conclusões: O aspecto clínico não-homogêneo das LOs foi um forte indicador da presença de DE moderada/severa. As proteínas APE1 e XRCC1 não parecem estar relacionadas aos processos moleculares envolvidos com desenvolvimento e com os aspectos clínico-patológicos das leucoplasias orais.