ARQUITETURA FENOMENOLÓGICA EM MUSEUS: Da concepção à vivência do espaço
experiência multissensorial, formas geométricas, fenomenologia, perpepção espacial.
A arquitetura fenomenológica surgiu em um momento de ruptura e de transformação da cultura arquitetônica. Firmado na primazia da análise psicológica da experiência vivenciada, os arquitetos que adotaram essa nova postura se viram impulsionados a criar ambientes que favorecessem uma experiência humana mais pessoal e sensível às particularidades dos indivíduos; lugares que resgatassem a história/memória do espaço e das pessoas através de uma arquitetura que valorizasse o genius loci e que compreendessem o corpo como o meio para a apreensão multissensorial do espaço. Neste contexto, as propriedades dos materiais, as formas geométricas arquitetônicas e o modo de manipulação de fatores espaciais naturais como iluminação, temperatura, ruído e até odores deveriam ser capazes de suscitar sensações e emoções previstas ou almejadas, em certo nível, pelos arquitetos. Tendo como objeto de estudo a forma arquitetônica e a percepção espacial no Museu Judaico de Berlim, projetado por Daniel Libeskind, e no Museu do Oceano e do Surf, idealizado pelos arquitetos Steven Holl e Solange Fabião, essa pesquisa tem como objetivo geral compreender a experiência fenomenológica nos museus a partir da análise da combinação entre os fenômenos naturais (luz e sombra, água, vento, temperatura) e as formas geométricas arquitetônicas utilizadas nos projetos. Têm-se como objetivos específicos (1) interpretar a presença da fenomenologia na arquitetura; (2) identificar a presença dos aspectos culturais, ambientais e sensoriais na criação de atmosferas arquitetônicas dos estudos de caso; e, principalmente, (3) identificar a correlação entre as formas geométricas e as emoções e sentimentos que os usuários têm dentro de uma edificação. Para isso, o trabalho subdivide-se em três etapas: (i) a abordagem teórica através da análise bibliográfica pertinente ao tema; (ii) a vivência do espaço, momento em que a autora visita os edifícios citados afim de identificar como o espaço contribui para as sensações sentidas, tendo como embasamento os aspectos identificados na parte I; (iii) análise dos projetos e discurso dos arquitetos, usando as plantas, croquis e entrevistas disponíveis na internet ou em livros. Os resultados iniciais mostram que nos casos escolhidos as sensações são resultado tanto dos aspectos espaciais quanto da própria expografia e dos recursos interativos presentes no espaço.