INCIDÊNCIA E MORTALIDADE POR NEOPLASIA MALIGNA DE TIREOIDE NA AMÉRICA LATINA
Neoplasias da tireoide; Tendências; Projeção de taxas; Mortalidade.
Introdução: A neoplasia da tireoide representa, aproximadamente, 2% de todos os cânceres no mundo; embora raro, é a mais comum neoplasia endócrina, apresentando rápida elevação da incidência nas últimas décadas. Objetivo: analisar a tendência e as projeções de incidência e a mortalidade por câncer de tireoide (C73) em países da América Latina. Métodos: Estudo ecológico de série temporal. Para os países da América Latina, os dados de incidência foram extraídos da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), no período de 1990-2007; os dados de mortalidade foram obtidos da Organização Mundial da Saúde (OMS), para o período de 1995-2013; para o Brasil, os dados de mortalidade foram coletados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) para o período de 2001-2015. A tendência da incidência e mortalidade foram analisadas pela regressão Joinpoint, e para o cálculo das projeções da mortalidade no Brasil foi utilizado o Nordpred, inscrito no programa R. A variação percentual média anual (APC e AAPC) e o intervalo de confiança de 95% (IC95%) foram calculados para incidência e mortalidade. Resultados: A taxa média de incidência para o câncer de tireoide foi maior em Quito (Equador), na faixa etária acima de 60 anos; as taxas foram de 30,8 e 10,3 óbitos por 100.000 habitantes para mulheres e homens, respectivamente. Aumento nas tendências de incidência foram detectadas para as mulheres e tendência de estabilidade foram verificadas em Cali, Goiania e Quito para os homens, na faixa etária de 60 anos. As taxas de mortalidade foram maiores entre as mulheres; a maioria dos países apresentou tendência de estabilidade para a mortalidade. A tendência de aumento ocorreu em três países para sexo feminino: Equador (APC= 3,28 IC 95% 1,36;5,24), Guatemala (APC= 6,14 IC 95% 2,81;9,58) e México (APC= 0,67 IC 95% 0,16;1,18). No Brasil, registrou-se ASW de 0,48 óbitos/100.000 habitantes para mulheres e 0,27 óbitos/100.000 habitantes para os homens, com tendência de redução para o sexo feminino (APC=-1.6 IC95%-2,5; -0,6) e estabilidade para o sexo masculino (APC=-0.5 IC95% -1.5; 0.5). As taxas de mortalidade para o sexo feminino no Brasil apresentarão redução até 2030. Para o sexo masculino, essa mesma característica será observada, porém as Regiões Nordeste e Norte apresentarão elevação das taxas, e estes números serão explicados, principalmente, pela variação na estrutura demográfica brasileira. Conclusões: O câncer de tireoide apresentou incidência heterogênea entre os gêneros, com aumento acentuado para mulheres em Cali (Colombia), Costa Rica, Goiania (Brasil) e Quito (Equador). A tendência de estabilidade na mortalidade foi verificada para a maioria dos países da América Latina e pode estar relacionado ao acesso limitado ao diagnóstico e novas terapias, que gerem impacto nos subtipos mais agressivos e com maior letalidade. No Brasil, a mortalidade por câncer de tireoide apresentou redução, sendo mais acentuada para o sexo feminino.