Obtenção e Aplicação industrial de Ester de glicose derivado de óleo de mamona
ácido ricinoléico, glicose, protease, tensão superficial, molhabilidade, espumante, lubrificante, redutor de filtrado, fluido de perfuração, biopesticida, ceratittis captata.
Enzimas têm sido largamente utilizadas em biossíntese para transformações de compostos orgânicos em substituição aos métodos sintéticos clássicos. Este trabalho descreve a síntese enzimática de biosurfactantes a partir da D-glicose com ácido ricinoléico/ óleo de mamona empregando como biocatalizador as lipases imobilizadas (Thermomyces lanuginosa, Rhizomucor miehei e Candida antarctica B), proteases (Bacillus subtillis alcalina e neutra) e levedura (Saccharomyces cerevisiae). Com auxílio do software MODDE 7.0, o planejamento experimental utilizando um modelo fatorial 24-1 (planejamento reduzido de 2 níveis e 4 variáveis) foi realizado para verificar a influência das variáveis temperatura, tempo de reação, concentração de enzima, tipo de substrato (ácido ricinoléico/ óleo de mamona) e razão molar do substrato/D-glicose sobre o rendimento da reação. Análises de espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) confirmaram a formação do produto através de absorções em 3400 cm-1, característica das hidroxilas presentes no anel do açúcar, e em 1730 cm-1, correspondente à carbonila de éster. As análises de CLAE (cromatografia líquida de alta eficiência) mostraram que maiores conversões foram alcançadas pelo uso do biocatalisador protease de Bacillus subtillis alcalina. Medidas de tensão superficial foram realizadas com os produtos obtidos em diferentes condições de reação. Em todos os casos, observou-se redução da tensão superficial da água de 72 mN/m para 33 mN/m. Com estes resultados foi possível identificar o biocatalisador que produziu o biosurfactante mais eficiente. Através das análises de tensão superficial utilizando o método a placa, foi possível verificar a estabilidade quanto sua função de surfactante frete a soluções salinas de até 115 g/L, soluções tampão com pH extremos de 2 a 12 e soluções aquosas aquecidas no intervalo de 25 a 100 °C. Em todas as condições estudadas, o biosurfactante apresentou tensão superficial próxima aos valores encontrados na CMC (concentração micelar crítica). Visando aplicação do produto em técnicas Core-Flow (transporte de óleo), análises de ângulo de contato pelo método da placa de Willemy foram realizadas, obtendo-se a redução do ângulo de contato, do vidro com água, de 40º para 0º com o ricinoleato de D-glicose. Nas analises como lubrificante e redutor de filtrado em fluidos de perfuração poliméricos observou-se, nas varias formulações, que a mistura biodiesel/biosurfactante apresentou resultados satisfatórios reduzindo o CL (coeficiente de lubricidade) em 87% e o volume de filtrado em 22%. Nos testes de formação e estabilidade de espuma, característica que deve ser evitada por proporcionar leituras incorretas (peso específico, reologia, volumetria, etc), nenhum dos biosurfactantes teve ação espumante caracterizando seu bom desempenho. O éster de D-glicose também apresentou atividade como biopesticida nos ensaios realizados com a espécie ceratittis captata apresentando concentração inibitória proporcional ao porte da mosca.