A PRODUÇÃO DE GÊNEROS ACADÊMICOS DE GRADUANDOS DA UFRN: UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA ESCRITA MOBILIZADORA DE CONHECIMENTO
Escrita acadêmica; movimentação de vozes; escrita mobilizadora; gêneros acadêmicos.
Este estudo analisa escritas de graduandos para compreender a maneira como a voz alheia é movimentada de um texto para outro e, em que medida deixam ou não traços de uma escrita mobilizadora de conhecimento. Investigamos pela escrita de fichamentos, resumos e resenhas como graduandos mobilizam diferentes vozes e se ao incorporem os discursos deixam a mostra traços de uma escrita mobilizadora de conhecimento, e quais estratégias linguísticas podem ser observadas a partir dessa escrita acadêmica. As produções são vistas, nesta investigação, como um produto que diz sobre o processo de constituição de graduandos, como uma escrita que demanda conhecimentos sobre formas linguísticas de lidar com os discursos sobre a esfera social na qual essa escrita acontece e para a qual se destina. Nessa perspectiva, observamos os textos a partir dos seguintes questionamentos: Como os graduandos materializam a voz alheia ao movimentá-las de um texto para outro? Quais traços linguísticos podem ser identificados como escrita mobilizadora de conhecimento na produção de fichamentos, resumos e resenhas? Como o aluno movimenta os discursos de um texto ao incorporar outras vozes? E de que maneira o aluno ao produzir mais de uma versão de texto, em contexto de aulas remotas, consegue dar espaço à construção de uma escrita mobilizadora? Levantamos como pressuposto a ideia de que na escrita de fichamento, resumo e resenha pode-se observar o modo como o graduando ao movimentar diferentes vozes incorpora os discursos, deixa ver ou não formas linguísticas de uma escrita mobilizadora de conhecimento. Nosso corpus de análise é constituído de escritas e reescritas produzidas por quinze alunos de uma disciplina de Leitura e Produção de Textos Acadêmicos I da UFRN (2020.2), em contexto de aulas remotas por consequência da pandemia do Covid-19. Desse total, selecionamos textos produzidos por cinco alunos para compor o recorte de análises. Como aporte teórico buscamos os estudos de Pêcheux (1997) sobre a forma-sujeito no discurso; Maingueneau (1997) para investigar as formas do discurso relatado; Fuchs (1985) sobre a paráfrase linguística; e Authier-Revuz (1990; 2004; 2007) pela alusão ao discurso outro. Nessa direção, os resultados obtidos nos permitiram levantar, no fio discursivo da escrita, a ideia de que os alunos ao movimentar as vozes de um texto tendem a selecionar na 1ª versão as escritas de maior relevância e as levam para reescrita. Já na 2ª versão, pela interpelação do outro, tendenciosamente, os alunos reescrevem apenas os pontos abordados na orientação do professor/tutor. Dessa forma, conseguimos perceber vestígios de escritas mobilizadoras, apenas, na produção de resumos e resenhas.