Um riso carnavalesco na Belle Époque carioca
As crônicas barretianas, sob pseudônimos, e seu diálogo com os deserdados da cidade
Carnavalização literária. Lima Barreto. Belle Époque carioca. Crônicas. Humor.
Nesta pesquisa, pretendo investigar um corpus constituído de 08 crônicas de Lima Barreto produzidas no contexto da Belle Époque carioca. O corpus em análise faz parte de um livro organizado por Felipe Botelho Corrêa (2016) que selecionou 164 crônicas de Lima Barreto, escritas sob pseudônimos, produzidas para as revistas Careta e Fon-Fon. A pesquisa de cunho bibliográfico e interpretativista do corpus se dá pela confluência de três campos discursivos: literário, jornalístico, humorístico e traz em si a marca do humor subversivo, de uma identidade enunciativa marcada pelo riso que desestabiliza (PROPP,1992), de uma linguagem voltada para dialogar com a cidade do Rio de Janeiro e seus deserdados. Dessa maneira, a análise recai sobre crônicas que possam evidenciar identidades sociais dissidentes ou de resistência (FOUCAULT, 2015) ao discurso civilizador. As categorias grotesco, rebaixamento do indivíduo, a quebra de hierarquias, ridicularização da linguagem canônica serão analisadas a partir dos conceitos de dialogismo e carnavalização literária, conceitos explorados nos estudos do Círculo de Bakhtin. O aporte teórico e metodológico deste trabalho se faz sob a perspectiva dos estudos da Análise do Discurso Francesa, principalmente Maingueneau (2001; 2010; 2015) e Foucault (2003; 2008; 2015), dos estudos do Círculo de Bakhtin (1997;1999) e dos estudos de identidade em Hall (2000; 2003;2006) e Bhaba (1998).