A CONSTITUIÇÃO DA FILIAÇÃO TEÓRICA NA ESCRITA ACADÊMICA
escrita acadêmica, filiação teórica, dialogismo, operações linguístico-discursivas
Este trabalho configura-se como uma discussão sobre a escrita acadêmica de pesquisadores em formação. Volta-se para a compreensão do que está em jogo na constituição dessa escrita que acontece a partir do diálogo marcado e velado com muitas vozes, um diálogo que envolve escolhas teóricas. É sobre essas escolhas que voltamos a atenção. Nossa questão de pesquisa é: Como o diálogo com o discurso outro engendra a filiação teórica? Para formular essa dúvida e ao mesmo tempo buscar resposta levamos em conta os estudos de Benveniste (2005, 2006) sobre o sujeito implicado com seu dizer; de Bakhtin (2003, 2006) sobre o dialogismo, de Authier-Revuz (1998, 2004) sobre a heterogeneidade enunciativa, de Ginzburg (1989) sobre paradigma indiciário. Esses autores nos permitem dizer que é possível verificar na escrita uma série de operações linguístico-discursivas, organizadas a partir de pronomes, de verbos, de advérbios, de esquemas do discurso citado, de formas de representação do discurso outro, as quais mostram as negociações que o sujeito realiza com as vozes que convoca. Nesse sentido elegemos como objetivo geral compreender como o dialogismo engendra a filiação a uma linha teórica, a partir do levantamento e da análise de operações linguístico-discursivas observáveis em teses de doutorado. Selecionamos como corpus teses de doutorado da área de Linguística e Educação. Os resultados preliminares mostram que as vozes assumem diferentes valores no processo de filiação. O valor é relacional e depende do modo como o sujeito seleciona as vozes e as faz dialogarem entre si, de como se coloca na escrita e como negocia com o interlocutor.