A constituição da identidade docente a partir da escrita de memoriais em turmas de magistério
Identidade docente. Memoriais. Magistério. Vozes sociais. Alteridade.
Entendemos que ouvir a voz do professor em formação inicial é fator decisivo para compreender que relações dialógicas permearam a constituição desse sujeito que ora escolhe o magistério como profissão ainda em nível médio (profissionalizante). Assim esta pesquisa tem como objetivo identificar as vozes que constituem os discursos presentes em memoriais produzidos por alunas do 4º ano do Magistério. Compõe o corpus dez memoriais (TCCs) produzidos no período de 2013 a 2014 no curso de Ensino Médio modalidade Normal da Escola Estadual Berilo Wanderley, localizada em Natal/RN. Para o desenvolvimento da pesquisa, respaldamo-nos em alguns pressupostos teóricos, dentre os quais destacamos os publicados pelo Círculo de Bakhtin (2009, 2010) sobre a concepção dialógica da linguagem, vozes sociais, alteridade e Hall (2014) sobre identidade. Ainda de acordo com os pressupostos bakhtinianos, todo enunciado emerge sempre e necessariamente num contexto cultural saturado de sentidos e de valores e é sempre um ato responsivo, isto é, uma tomada de posição neste contexto. Assim, a pesquisa que dá suporte a este trabalho é qualitativa de orientação sócio- histórica e se insere no campo da Linguística Aplicada (LA). A área da LA entendida como um modo de construir inteligibilidade sobre as práticas discursivas (MOITA LOPES, 2006). Com as análises dos memoriais evidenciou-se a presença de vozes sociais materializadas nos enunciados sobre: a escrita do gênero discursivo memorial, o curso profissionalizante e as experiências de leitura/escrita. Outra categoria trata das relações de alteridade/identidade bem significativas em relação à escolha/identificação com a docência constituída não só no curso profissionalizante, mas ao longo da formação escolar/familiar onde figuram os professores e a família como sujeitos determinantes no processo de escolha profissional.