FORÇANTES METEOCEANOGRÁFICAS E DESASTRES COSTEIROS NO LITORAL ORIENTAL DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE BRASILEIRO
Eventos Extremos; Desastre Costeiro; Distribuição Generalizada de Pareto; SMC-Brasil; Fluxo Médio de Energia de Ondas.
A intensa urbanização não planejada nas zonas costeiras ocasiona desastres ambientais, pela interação entre agentes meteoceanográficos e atividades humanas, impactando populações e ecossistemas frágeis. Sucessivos eventos de erosão e inundação vêm danificando estruturas no litoral do Rio Grande do Norte (RN), Nordeste do Brasil, prejudicando infraestruturas, populações tradicionais e ecossistemas sensíveis, como estuários, manguezais e restingas. A área de estudo é o Litoral Oriental do RN, com ênfase nas praias urbanas de Ponta Negra-Via Costeira, município de Natal, e de Barra de Maxaranguape, município de Maxaranguape. O objetivo é avaliar fatores ambientais relacionados a eventos extremos, desastres e calamidades públicas em praias urbanas da região. Séries temporais de vento, precipitação, maré e ondas foram obtidas de 1979 a 2021, de satélites altimétricos, reanálises e estações meteorológicas oficiais. Foi ajustada Distribuição Generalizada de Pareto (GPD) à altura significativa de onda (Hs) e eventos de precipitação. Registros de desastres no litoral oriental do RN foram coletados na mídia online local. Ondas ao largo (offshore) foram propagadas até a linha de costa de Barra de Maxaranguape com o SMC-Brasil. O fluxo médio de energia de ondas (FME) na profundidade de fechamento das praias de Ponta Negra e Via Costeira (PPN-VC) foi calculado com SMC-Brasil. Na plataforma continental oriental do RN, ondas alcançaram Hs máximo de 3,30m e média de 0,76m, vindas de leste-sudeste e sudeste. Inverno e primavera apresentaram ondas mais altas, relacionadas a ventos alísios. O ajuste GPD estimou Hs até 2,7 vezes acima da média, a cada 10 anos. A intensificação da velocidade do vento foi mais importante na formação de ondas extremas que seu valor escalar. Na região offshore, Hs teve máximos um-dois dias antes de desastres na costa, indicando que tempestades marítimas alcançam rapidamente a linha de costa. Em Barra de Maxaranguape, a cada 10 anos, é provável ocorrer ao menos uma precipitação igual ou superior a 138,71mm. Na região, os depósitos de tálus presentes na face de praia atenuam a energia das ondas incidentes. A Ponta Gorda recebe as maiores ondas e, consequentemente, as condições mais energéticas de mar. No trecho urbanizado de Barra de Maxaranguape, o FME atinge até 2.08*103 J/ms, com tendência de aumento desde a década de 70. As ondas chegaram à PPN-VC com 8.55*103 a 20.54*103 J/ms, atenuadas na região da enseada do Morro do Careca e mais intensas ao longo da Via Costeira, vindo de leste e leste-sudeste, ocasionando danos aos equipamentos urbanos da orla. Variações na direção do FME nas décadas de 80 e 2000 estão associadas com mudanças abruptas no balanço sedimentar de PPN. Os vários desastres que ocorreram na PPN-VC são passíveis de se repetir em Barra de Maxaranguape, sendo aquela um exemplo para tomadas de decisão em todo o Litoral Oriental do Rio Grande do Norte.