Conhecimento e Poder na Ecologia e Conservação: análise das estruturas históricas de conhecimento e propostas de integração disciplinar rumo a uma ciência plural
Epistemologia; Historia da Ecologia; Campo científico; Sociologia da ciência; Sul-Global; Geopolitica do conhecimento
Ecologia e Conservação são disciplinas que têm se modificado em resposta às transformações sociais e os conflitos ambientais que vivemos. Esta tese é fruto de reflexões acerca da construção da ciência enquanto um espaço de poder que é influenciado pelo contexto histórico, político e social por ela vivenciado. O objetivo geral é realizar uma análise crítica da construção de conhecimento na ecologia e conservação a partir da História e Sociologia da Ciência e propor novos caminhos para construir uma ciência plural. Buscamos especificamente: (i) compreender a relação entre conhecimento e poder no campo científico, desde uma perspectiva situada no Sul, (ii) avançar na integração entre as ciências sociais e naturais, e (iii) propor formas de superação das desigualdades históricas para diversificar a ciência e pluralizar o saber. Para isso, no capítulo 1 refletimos criticamente sobre a dimensão histórica e social da ecologia desde os estudos sociais da ciência, buscando avançar da discussão em torno do objeto da ecologia para colocar a ecologia sob a lupa acadêmica. No capítulo 2 realizamos uma reflexão crítica sobre as recentes propostas envolvendo (de)colonialidade na Ecologia e discutimos a necessidade de reconhecer e utilizar as teorias produzidas no Sul Global. No capítulo 3, propomos a Ecologia das Ausências como ferramenta teórica-metodológica para construir uma ciência plural. O Capítulo 4 tem como objetivo compreender a construção e evolução do conhecimento no campo científico da Ecologia, através do estudo de redes conceituais e de colaboração, comparando a Ecologia Tropical e a Ecologia Temperada. No capítulo 5 defendemos a compreensão da conservação da biodiversidade no contexto das relações histórico-sociológicas e locais-globais através da Teoria do Sistema Mundo, inicialmente proposta no campo das ciências sociais, e, aplicamos este arcabouço na análise da pandemia do COVID-19 como estudo de caso, argumentando que deve ser entendida como um fenômeno emergente da dinâmica sociedade-natureza do sistema-mundo. Finalmente, no capítulo 6 analisamos as relações de poder ligadas à pesquisa e prática da conservação, e argumentamos em favor de uma Ciência da Conservação Crítica. Defendemos que a crítica como ferramenta de análise da realidade é fundamental no campo da conservação, perante uma realidade em constante movimento. Construímos nosso argumento a partir dos princípios da escola de Frankfurt e da teoria crítica Latino-americana.