Esta pesquisa apresenta reflexões acerca do bufão e sua relação com o trabalho cênico. Um estudo de exercícios específicos visa perceber como eles podem contribuir para o treinamento do ator contemporâneo, abordando as contribuições dessa técnica ao trabalho do Grupo Bufões de Olavo, da cidade de João Pessoa - PB . Busca-se o desenvolvimento de um breve traçado histórico da figura do bufão, com ênfase na Idade Média, período em que sua presença parece ter sido mais evidente, a partir do estudo da cultura popular medieval em Bakhtin. O foco está basicamente na investigação do “corpo bufonesco”, visando esclarecer quais as suas características e como ele se configura numa estética grotesca, sob o conceito do termo dado por Victor Hugo. Para compreender por que o bufão se torna figura posta à margem, pretende-se observar também como os padrões de comportamento foram sendo estabelecidos na sociedade ocidental, em estudo ao processo civilizador apontado por Norbert Elias. Há um levantamento de aspectos práticos tendo por base a participação em oficinas com influentes teóricos e atores bufonescos e, sobretudo, com experimentos realizados em treinamento junto ao grupo supracitado e estudo a Beth Lopes e Juliana Jardim, que discorrem especificamente sobre a técnica de bufão. Tais experimentos visam constituir o bufão, percebendo quais são os elementos específicos dessa técnica. Tais reflexões servirão para o entendimento de como se dá a técnica de bufão no treinamento do ator contemporâneo, bem como buscar perceber a influência dessa prática desde o trabalho físico até o desenvolvimento de um discurso crítico a partir da criação em diálogo com diversos elementos da sociedade.