A Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo no Tratamento do Transtorno Depressivo Maior
Biomarcador; Cortisol; Autoestima; Ansiedade; Sono.
Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma desordem mental cuja prevalência cresce significativamente a cada geração, acomete hoje mais de 320 milhões de pessoas e prevê-se que até 2030 será a primeira causa incapacitante para o trabalho. Elucidar a neurobiologia subjacente ao TDM é útil à compreensão deste transtorno, e um serviço ao avanço da prática clínica voltada à sua identificação e tratamento. Nesse contexto, há parâmetros psicofisiológicos com potencial para serem biomarcadores do TDM, dentre eles, o hormônio
cortisol e a qualidade do sono. Igualmente, entende-se que, além dos sintomas depressivos, outros aspectos psicológicos atrelam-se à presença e curso do TDM, sendo ansiedade e autoestima alguns dos principais. Assim, este ensaio clínico, avaliou antes e após realização de tratamento em monoterapia por meio da Terapia Cognitivo-comportamental de grupo (TCCG), medidas de cortisol (plasmático e salivar), sintomas ansiosos, níveis de autoestima e qualidade do sono em pacientes depressivos (n=20; mulheres n= 11 ), especificamente, estudantes universitários. Antes do tratamento, os pacientes demonstraram níveis de cortisol plasmático superiores à média de seus pares saudáveis, grupo controle (n= 25; mulheres n= 13) e, ainda, maior resposta do cortisol salivar ao despertar e pior qualidade no sono. Os pacientes responderam à intervenção com diminuição de sintomas depressivos, e 55% desses atingiram a remissão. Ademais, houve redução nos sintomas os ansiosos, aumento da autoestima e melhora na qualidade de sono, contudo, os níveis de cortisol mensurados mantiveram-se sem variações significativas. Ainda, percebeu-se que a autoestima apresentou efeito mediador e que o cortisol teve efeito moderador sobre os sintomas de depressão, em função da remissão do TDM. À vista desses dados, verificou-se a eficácia de uma monoterapia em TCCG no tratamento de pacientes acometidos por níveis leves e moderados de TDM, que suplantou taxas de remissão de ensaios clínicos com psicoterapia, farmacoterapia, e uso com combinado de ambas. Logo, compreende-se ser relevante estudos adicionais que investiguem tanto a TCCG, como os biomarcadores psicofisiológicos associados ao TDM a fim de contribuir para a solidificação da psiquiatria de precisão.