As mãos que mexem as panelas: a culinária tradicional seridoense e o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, na cidade de Caicó/RN
Cozinha; tradição; memória.
Este trabalho surge das provocações trazidas pelos argumentos do Manifesto Cozinhista Brasileiro (coluna Paladar do jornal Estadão) e do Manifesto da Colher de Pau (Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional - FBSSAN), que tratam de como o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação (RDC 216/2004 – ANVISA) limitam/proíbem as práticas culinárias tradicionais. Procura saber: quais os aspectos que constituem essa situação de conflito entre as práticas de cocção tradicional e a norma técnica? Mais ainda: Como os praticantes da culinária tradicional julgam a RDC 216/2004 em sua aplicação no espaço tradicional? O recorte espacial escolhido foi a Cidade de Caicó, estado do Ro grande do Norte e apresenta como objetivos: conhecer as práticas da culinária regional seridoense, praticada na cidade de Caicó/RN, buscando entender como os cozinheiros têm reagido e respondido às exigências sanitárias; entender em que medida as formas culturais de cozinhar entram em choque com as normas técnicas e em que medida essas se ressignificam; compreender o que significa uma “boa prática” do ponto de vista da tradição comparando ao ponto de vista da norma. A metodologia aplicada foi Entrevista em Profundidade (PERDIGÃO et al., 2011). O referencial teórico parte do contexto da modernização reflexiva (GIDDENS, BECK e LASH, 1997) para discutir tradição, identidade, memória, analisados sob a ótica da Gramática do Alimento, segundo Montanari (2013).