ORIENTAÇÃO E MAGNITUDE DE TENSÕES NA BACIA POTIGUAR. IMPLICAÇÕES PARA EVOLUÇÃO DE BACIAS EM MARGENS PASSIVAS.
"breakouts" fraturas induzidas, magnitude de tensões, sismicidade intraplaca, Bacia Potiguar
Nesse trabalho são apresentados novos dados de orientação e magnitude de tensões na Bacia Potiguar. Foram analisados fraturas induzidas e “breakouts” em 10 poços distribuídos na bacia através da interpretação de perfis de imagem microrresistiva.. Foram também utilizados dados de fraturamento hidráulico para estimativa da magnitude da tensão horizontal mínima e análises de laboratório para estimativa da resistência à compressão não confinada em amostras de testemunho. Adicionalmente os dados de orientação e regime de tensões obtidos em poços foram comparados aos resultados de 19 soluções de mecanismos focais publicados na literatura e localizados na borda cristalina da Bacia Potiguar.
Observou-se que a direção e a magnitude de tensões variam através da bacia e do embasamento circundante. Na bacia, entre as profundidades de 0,5 a 2,0km, estimou-se um gradiente de tensão horizontal máxima (SHmax) de 20,0 MPa/km, uma razão entre as tensões horizontais (SHmax/Shmin) de 115,4% e um regime de falhas normais. Por outro lado, entre as profundidade de 2,5 a 4,0 km, estimou-se um gradiente de SHmax de 24,5 MPa/km, razão entre as tensões horizontais de 139,6% e uma transição para um regime de tensões transcorrente. O regime transcorrente predomina largamente nos mecanismos focais independentemente de sua profundidade (1 a 12 km).
A transição entre um regime de tensões normal para transcorrente é consistente com um processo incipiente de inversão tectônica instalado na bacia. Além disso, observou-se em ambos dados de poços e mecanismos focais, rotação na orientação de SHmax de NW-SE na porção oeste da bacia para E-W nas porções central e leste, acompanhando a geometria da linha de costa. Mecanismos locais como contraste de densidade entre crosta oceânica e continental, carga sedimentar na plataforma continental e subsidência térmica da crosta oceânica afetam o campo de tensões na Bacia Potiguar. Adicionalmente, a concentração de sismicidade na borda da bacia pode estar relacionada à compressão horizontal e encurtamento no sentido N-S da placa sul-americana. A concentração e incremento de pressão de fluidos em falhas e fraturas no embasamento cristalino pode também desempenhar um papel importante na geração de sismicidade no embasamento circundante.