Geomorfologia e Neotectônica do Vale do Rio Apodi-Mossoró.
Geomorfologia, Neotectônica, Sistema Fluvial, Quaternário
Numerosos estudos têm indicado que a Bacia Potiguar é afetada pela tectônica Cenozóica. A reativação de sistemas de falhas do Cretáceo afetam as unidades pós-rifte que incluem o Neógeno e o Quaternário. Neste contexto, os objectivos desta tese são os seguintes: (1) Caracterizar os efeitos da tectônica pós-rifte na morfologia do Rio Apodi-Mossoró localizado na porção central da Bacia Potiguar, (2) Caracterizar a drenagem do vale do Rio Apodi-Mossoró e investigar o comportamento de seus canais em falhas ativas, (3) Propor um modelo geológico-geomorfológico evolutivo para a área de estudo. Este estudo utilizou-se de um mapeamento geológico e geomorfológico da parte central da Bacia Potiguar, com ênfase nos depósitos sedimentares quaternários, na datação de sedimentos por luminescência óptica estimulada e sondagens geoelétricas verticais. Os resultados revelam através de mapas de lineamentos estruturais e canais de drenagem que os rios formam vales que são afetados por falhas e deformações tectônicas. No vale do Rio Apodi-Mossoró, anomalias da morfologia do canal estão associadas com a deformação pós-rifte da Bacia Potiguar. Essas anomalias evidenciam a influência da reativação cenozóica de sistemas de falhas da Bacia Potiguar na morfologia do canal. Em uma escala regional, pode ser visto através da geomorfologia e dos dados das sondagens geoelétricas que a tectônica cenozóica é responsável pela formação de feições de inversão resultantes do atual campo de tensões na Bacia Potiguar. Esta feição caracteriza-se por um macro domo (Serra do Mel) orientado no sentido NE-SE com 70 km de comprimento e 50 km de largura e até 270 m acima do nível do mar. Neste setor, os dados obtidos nesse trabalho evidenciaram que o contato entre o Cretáceo e o Neógeno eleva-se mais de 100 m no centro da Bacia Potiguar. Os resultados geocronológicos obtidos neste trabalho mostraram que os depósitos que cobrem o macro domo estrutural têm idades de 119 ka a 43 ka. No vale do Rio Apodi-Mossoró e áreas vizinhas as idades variam entre 319 ka e 2,7 ka. A partir destes dados foi possível estabelecer o correto posiconamento geocronológico dos paleodepósitos fluvias e distinguí-los dos depósitos do Neógeno (Formação Barreiras).