OBTENÇÃO DE REVESTIMENTO CERÂMICO A PARTIR DA MISTURA DE ARGILA PLÁSTICA COM RESÍDUOS DO CAULIM, DA ESMERALDA, CHAMOTE DE TELHA E CINZA VEGETAL
Revestimento cerâmico. Resíduos. Formulações. Propriedades tecnológicas.Temperatura de queima.
O modo de vida das sociedades atuais tem favorecido a falta de sustentabilidade no planeta. O advento da microeletrônica, informática, automação industrial e o desenvolvimento de novos materiais tem aumentado a oferta de novos produtos com ciclo de vida útil cada vez menor, acarretando, o descarte e a geração de grandes volumes de resíduos sólidos urbanos e industriais, que têm composição cada vez mais complexa, dificultando a ação de reciclagem natural dos ciclos biogeoquímicos da terra, com graves reflexos ao meio ambiente.
A exploração e o beneficiamento mineral e a atividade cerâmica interferem diretamente na natureza, pois causam alterações nas características naturais do meio ambiente, modificando o relevo, a composição do solo, a qualidade do ar e da água, ocasionando o comprometimento da qualidade de vida das populações que habitam seu entorno. A extração mineral gera montanhas de resíduos, que são descartados nas proximidades das jazidas sem nenhuma preocupação ambiental. Da mesma forma, a produção de cerâmica vermelha é desenvolvida sem nenhuma preocupação com a saúde do trabalhador e do meio ambiente. Nesta atividade é comum o emprego de lenha sem certificação ambiental que contribui para a desertificação do semiárido e das regiões de caatinga. A cinza gerada após a queima da lenha é, normalmente, lançada nas proximidades das olarias, causando contaminação do solo, do ar e da água e problemas respiratórios à população circunvizinha. O baixo grau de tecnologia empregado na produção de tijolos, telhas e blocos cerâmicos, proporciona grande volume de descarte de produtos queimados, com perdas econômicas significativas para os empresários. Com o objetivo de minimizar os efeitos nocivos ao meio ambiente, agregar valor comercial e tecnológico a materiais descartados pelas indústrias da mineração do caulim, da esmeralda e pelas olariasforam desenvolvidos produtos para revestimento cerâmico a partir de quatro formulações constituídas pelos resíduos do beneficiamento do caulim e da esmeralda, chamote de telha, cinza vegetal e argila ilítica para proporcionar plasticidade às massas. As matérias-primas foram caracterizadas por fluorescência de raios X, difração de raios X, análises térmicas (termomecânica, termogravimétrica, termoderivativa e termodiferencial), análise granulométrica e plasticidade. As formulações foram desenvolvidas levando-se em consideração a composição química de cada matéria-prima e concentrações adequadas de argilominerais, quartzo e fundentes. Foram confeccionados 48 (quarenta e oito) corpos de prova por formulação com umidade de 8%, massa individual de 13 g, empregando prensagem uniaxial e 45 MPa. Os corpos de prova foram secos em estufa elétrica a 110 °C por 24 h, sinterizados nas temperaturas de 1000, 1025, 1050, 1100, 1125 e 1150 °C com taxa de aquecimento de 5 °C/min, e submetidos a ensaios tecnológicos de retração linear de queima, absorção de água, porosidade aparente, massa específica aparente e tensão de ruptura à flexão, sendo analisada sua microestrutura por MEV. Segundo a norma NBR 13818:1997 (Placas cerâmicas para revestimento – Especificação e métodos de ensaio) e a partir dos resultados das propriedades tecnológicas, verificou-se que todas as formulações estudadas produziram produtos destinados a revestimento cerâmico para piso e parede, sendo classificados como porcelanato, grês, semi-grês, semi-poroso e poroso.