A ressignificacao do trabalho e comunidades intencionais
Trabalho, comunidades intencionais, ecovila
A História acumulou, ao longo do tempo, relações duradouras e inflexões até chegarmos ao momento presente. Tal trajetória criou, em dado ponto da História, o capitalismo como modelo de produção e reprodução social, transformando assim, as relações sociais. Ao adquirir novas forças produtivas, a sociedade também muda seu modo de produção e, ao mudá-lo, se transforma a maneira de ganhar a vida e de trabalhar. Nesse contexto, tudo passa a ser mercadoria (MARX; 1978), da natureza ao ser humano. Agora, o agir humano é dominado por uma de suas criações: a mercadoria. Esta escapou de controle e age autonomamente oprimindo seu criador (MARX; 1978). Os desdobramentos deste modo de produção são visíveis, por exemplo, em desastres ambientais que se tornam rotina e na precarização do trabalho e da qualidade de vida da grande massa da população. Associações humanas baseadas em cooperação, solidariedade e autogestão aparece como potencializadora de desenvolvimento humano em sua totalidade (GILMAN; 1991) e, portanto, não aferida somente por ganho monetário aos membros. Essas práticas podem ser observadas em comunidades intencionais e, devido a nova fase de exploração social e degradação do meio ambiente em escala global, surge um tipo específico de comunidade intencional chamada de ecovila, que tem por motivação, primordialmente pautas ambientais e pacíficas. Nessas comunidades o trabalho pode estar orientado não exclusivamente ao mercado e a produção de mercadorias. Elucidar como o trabalho nessas comunidades pode ser resignificado a partir da relação entre seus habitantes e o meio ambiente natural é o objetivo central dessa tese. Para tanto, a imersão no campo se deu por meio de um percurso etnográfico em quatro comunidades intencionais, no Encontro Nacional de Comunidades Alternativas e na criação de uma comunidade intencional Comunidade das Formigas.