Acompanhando o crescimento e o desenvolvimento da criança: intervenção integrada entre enfermagem e família.
atenção primária em saúde; enfermagem pediátrica; saúde da criança; educação em saúde.
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento (CD) da criança, é o eixo norteador das ações básicas em saúde voltadas ao público infantil, atuando no âmbito da vigilância à saúde e inferindo positivamente nos índices de morbimortalidade infantil, que ainda hoje são uma preocupação no mundo e no Brasil. Porém, na maioria das vezes, esta prática é desenvolvida pautada no modelo biomédico de atendimento, individualizado, com ênfase nas queixas e medicalização, além da passividade dos usuários. Diante desta problemática, objetivamos desenvolver o acompanhamento do CD da criança em uma Unidade de Saúde da Família (USF), através de uma abordagem coletiva de atendimento junto à equipe de saúde, em especial aos enfermeiros, e cuidadores. Trata-se de um estudo descritivo exploratório, com abordagem qualitativa, tendo como método a pesquisa-ação. Foi aprovado previamente pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob parecer 201/2009. Envolveu as quatro enfermeiras e vinte e seis cuidadores de crianças da área de abrangência da USF de Cidade Nova, no período de fevereiro a julho de 2010. Como técnicas de coleta de dados utilizaram-se a observação participante, aplicação de entrevistas e questionários, grupo de avaliação e diário de campo. Os dados foram analisados seguindo o direcionamento da análise temática por categorização freiriana. No diagnostico situacional, percebemos que apesar das enfermeiras terem um conhecimento atrelado ao paradigma de promoção à saúde, na prática o acompanhamento da criança é feito através de consultas individuais em sala ambulatorial, pautado nas queixas trazidas pelos cuidadores, com pouca resolubilidade nas ações empregadas. Visto a necessidade de mudança no modelo de atendimento, apresentamos a proposta de acompanhamento coletivo do CD das crianças à equipe multiprofissional que compõe a referida USF, discutindo a participação das categorias profissionais e planejando coletivamente as ações. O acompanhamento coletivo das crianças contemplou a execução pelos cuidadores, sob supervisão das enfermeiras e facilitadoras, da anamnese e exame físico, registro dos dados encontrados na caderneta da criança e discussão dos achados clínicos. Favoreceu, assim, o processo de aprendizagem e a troca de experiências. Como dificuldades, nos deparamos com o alto índice de faltosos (53,8%), falta de motivação e passividade dos usuários, pouca participação de outros profissionais de saúde e envolvimento das enfermeiras com outras atividades no momento do atendimento. Constatamos ainda um forte enraizamento do modelo clínico individual no modo de pensar e agir das enfermeiras e dos cuidadores.