APROXIMAÇÕES E DISTINÇÕES ENTRE KANT E HABERMAS A PARTIR DO PENSAMENTO COSMOPOLITA
cosmopolita; cidadania; multicultural.
A presente tese pretende contribuir com a pesquisa sobre Kant e Habermas, envolvendo as suas distinções e aproximações no campo da filosofia política, em especial, no tocante ao pensamento cosmopolita. Na discussão dessa problemática, requer-se uma análise sobre a crítica de Habermas ao déficit e atualização da teoria cosmopolita do filósofo Kant. Isto é, o trabalho volta-se sobre a questão, se Habermas responde ou não a crítica do pensamento cosmopolita em relação à proposta kantiana. Nessa perspectiva, tornou-se importante destacar argumentos que alegam não alcançar tais elucubrações, apenas pela perspectiva liberal clássica e republicana do pensamento político de Kant. Assim sendo, o trabalho apresenta os esforços por parte de Habermas em direção ao resgate do pensamento cosmopolita kantiano, a partir de uma premissa histórica. Desse modo, ressalta-se a posição deste autor frente ao quadro histórico e dados reais do mundo contemporâneo. Como por exemplo, nas seguintes questões: O formato das Nações Unidas supera a conjectura cosmopolita de Kant sobre a liga das nações, ou houve erro na formulação teórica de Kant? Habermas parte também da problemática que procura explicar, se o filósofo Kant tinha uma concepção de soberania de Estado nação muito forte. Será que por causa dessa concepção de Estado nação forte, não existe a autorização para que haja intervenção em nome dos direitos humanos? Para tentar responder essas e outras questões, a tese tem ainda como escopo encontrar o pressuposto da primazia dos conceitos políticos de uma sociedade plural e cosmopolita. Nesse sentido, a premissa histórica de Habermas (2018 ) sofre de profundidade, devido ao Projeto cosmopolita ter uma séria dificuldade de ser implantado. Pelo motivo de mais uma vez, advir da imposição de um processo civilizatório, que contraria a realidade histórica, social e cultural fora do Ocidente. Com mais essa problemática, na tentativa do alcance das hipóteses, destaca-se o argumento sobre a posição minimalista pela premissa histórica em Habermas. Sendo possível vê-la na ideia já existente de um fórum para discutir conflitos entre as nações, como acontece com a ONU. Apesar também de o filósofo evidenciar esforços para uma posição maximalista, sobrevinda do construto da razão, que idealiza a possibilidade de um Estado mundial. Tendo em vista, que o direito implica também coerção em relação ao contrato global realizado entre as nações em seus aspectos supranacional e transnacional. A tese conclui demonstrando que Habermas tenta corrigir o déficit democrático da soberania popular, a luz da premissa histórica na sua teoria discursiva e política, principalmente em relação à teoria liberal e republicana de Kant. Indicando assim, uma Democracia Constitucional que abre as portas para uma cidadania multicultural, tendo como escopo o alcance do Projeto Cosmopolita.