Projeto Pedagógico do Curso

        O perfil do egresso do curso de licenciatura em Letras – Língua Espanhola e Literaturas pressupõe um profissional do magistério com sólida formação teórica e prática, que lhe permita, além de conhecer adequadamente a língua espanhola nas suas modalidades oral e escrita, compreender o fenômeno da linguagem humana numa perspectiva multifacetada. O egresso deverá conceber a sala de aula como um espaço de formação integral do estudante em permanente interação com as práticas culturais da sociedade na qual se inscrevem todos os atores do processo educativo. Ao se formar, deve ser capaz não apenas de tecer análises linguísticas e literárias, mas de assumir, em seu exercício profissional, o papel de um agente de educação e cultura comprometido com a ética e o respeito à diversidade.

        O profissional de Letras – Língua Espanhola e Literaturas deve acompanhar as discussões acadêmicas produzidas nos diferentes campos dos estudos linguísticos e literários, as quais imprimem continuamente novas direções à pesquisa científica. Tal interesse contribui para formar o posicionamento crítico que esse profissional deve cultivar frente ao seu campo de atuação, sem perder de vista a dinâmica do mundo contemporâneo, as disparidades e tensões sociais que o caracterizam.

        Tendo em vista que, no curso de Letras – Língua Espanhola e Literaturas, o conhecimento da língua espanhola e das suas literaturas não prescinde do estudo da variação linguística, espera-se que o licenciado adquira o domínio de argumentos de autoridade favoráveis ao fenômeno intercultural, à diversidade e à inclusão, portanto 55 contrários ao racismo, à xenofobia e a qualquer natureza de discriminação. A perspectiva norteadora é a da essencial igualdade entre os indivíduos. Tudo isso se encontra em consonância com as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Letras, previstas nos Pareceres CNE/CES nº 492/2001, que determinam que o egresso dos cursos de Letras “[...] deve ser capaz de refletir teoricamente sobre a linguagem, de fazer uso de novas tecnologias e de compreender sua formação profissional como processo contínuo, autônomo e permanente” (BRASIL, 2001, p. 30).

         Seguindo o que dispõem essas Diretrizes, a formação oferecida ao licenciando em Letras – Língua Espanhola e Literaturas se orienta para que, ao final, o egresso do curso demonstre:

a) dominar o uso da língua espanhola como usuário, bem como os procedimentos de análise e descrição de sua estrutura e desenvolver competências docentes;

b) conhecer e refletir criticamente sobre teorias que tomem a língua ou a linguagem como seu objeto de estudo; c) manter em vista o caráter heterogêneo da língua espanhola, refletido em suas variantes;

d) desenvolver habilidades relacionadas à construção de uma visão crítica do texto literário, tanto como manifestação de linguagem em sua especificidade, quanto como discurso artístico propício às manifestações socioculturais das sociedades;

e) apreender as dimensões culturais da língua espanhola;

f) articular os conhecimentos através de atividades de pesquisa e extensão; 

       O egresso do curso de Letras – Língua Espanhola e Literaturas deve ainda demonstrar a capacidade de aliar uma sólida compreensão da Língua Espanhola e das manifestações culturais nela realizadas com uma prática pedagógica que contemple a autonomia do processo de aprendizagem de seus alunos. Para tanto, deve ser capaz de agir criticamente frente aos recursos didáticos disponíveis e também desenvolver a capacidade de criação de recursos mais adequados à realidade em que atua.

        Assim, o profissional que o curso procura formar é aquele que se mostra capaz de refletir criticamente sobre a linguagem como objeto tanto de pesquisa quanto de ensino. Isso implica um profissional que manifeste o domínio sobre conceitos básicos das áreas da Linguística e dos Estudos Literários, conceitos esses passíveis de serem empregados na análise da língua espanhola em sua dimensão estrutural, pragmática e cultural. Ao mesmo tempo, isso implica um profissional que domine as diferentes dimensões da prática docente, capaz de atuar de modo produtivo e ético nos espaços escolares, bem como um profissional aparelhado para a lida com a pesquisa e por isso em condições de seguir estudos na pós-graduação e eventualmente atuar na carreira docente universitária.

       Cabe frisar que, se as características indicadas habilitam o profissional para atuar como professor no Ensino Fundamental II e o Ensino Médio, elas permitem ainda a atuação em outras atividades. Com efeito, o domínio sobre a língua espanhola, em especial na sua dimensão textual-discursiva, o que é bastante enfatizado no curso, permite ao profissional formado atuar em diferentes áreas ligadas seja à análise de textos, seja à produção textual, seja ainda à revisão ou edição de textos diversos, bem como a tradução. 

       Tendo assim por horizonte um profissional com as características acima indicadas, o curso se organiza não em função de conteúdos e disciplinas, mas em função de competências e habilidades a serem desenvolvidas no percurso formativo do acadêmico, o que será melhor explicado neste documento.

        As competências a serem desenvolvidas no curso de licenciatura são especificadas no Art. 8 da Resolução CNE 2/2015, que define as Diretrizes para a Formação de Professores (BRASIL, 2015, p 7- 8). Resumidamente, o documento aponta a necessidade de desenvolver as seguintes competências:

a) a compreensão da escola como espaço de exercício dos valores democráticos e da promoção dos direitos humanos, bem como do papel do professor nesse ambiente;

b) o domínio dos conteúdos específicos e das abordagens teórico-metodológicas mais adequadas a diferentes níveis de ensino;

c) a aptidão de se apropriar da linguagem dos meios de comunicação e das novas tecnologias como recurso didáticopedagógico para o desenvolvimento da aprendizagem em diferentes níveis de ensino;

d) a capacidade de atuar efetivamente na gestão e organização das instituições de ensino básica;

e) a capacidade de realizar, de modo autônomo, pesquisa sobre os estudantes, sua realidade e seus processos de aprendizagem, e de refletir de forma crítica sobre sua própria prática docente;

f) o conhecimento das Diretrizes Curriculares Nacionais e outras determinações legais que normatizem o magistério.

        É importante notar que o documento supracitado não aponta para um perfil de profissional cuja atuação se limitaria a levar conhecimento técnico-científico de determinada área para a sala de aula. Pelo contrário, as competências elencadas anteriormente direcionam-se para uma formação que habilite o egresso para o papel de integrar escola e sociedade, atuando como pesquisador e crítico da sua própria prática docente e como gestor do espaço escolar. O presente documento, ao orientar o curso para o desenvolvimento de habilidades próprias da área de Letras e do professor de língua espanhola, não perde de vista as orientações oficiais sobre as competências a serem demonstradas na atuação docente de modo geral.

Para delimitar as habilidades a serem desenvolvidas pelo licenciado em Letras, faz-se necessário consultar tanto as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Letras (BRASIL, 2001), que elencam habilidades e competências a serem desenvolvidas ao longo do curso, quanto a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2016), que delimita os conteúdos a serem ensinados, futuramente, pelos egressos do curso de Letras – Língua Espanhola e Literaturas. Analisando esses documentos, constata-se a necessidade de levar o licenciando em Letras a aprofundar seus conhecimentos em relação àquilo que será seu futuro objeto de ensino e desenvolver uma percepção crítica acerca das abordagens teóricas que tratam de tais objetos.

         Por isso, entre as habilidades a serem desenvolvidas pelo licenciando em Letras, destaca-se inicialmente aquela relativa ao domínio da língua espanhola. Esse domínio é compreendido como um desempenho adequado no uso da língua em situações diversas, sobretudo as situações mais formais que requeiram o uso de variedade culta oral ou escrita. Além disso, o licenciando em Letras deve desenvolver a capacidade de refletir sobre a estrutura da língua, de proceder a análises e descrições de aspectos relativos à sua diversidade de níveis de apreensão e de registros de linguagem.

        A formação em Letras – Língua Espanhola e Literaturas contempla ainda a construção de um repertório amplo da literatura da língua, desenvolvendo as habilidades relacionadas à construção de uma visão crítica do texto literário, tanto como manifestação de linguagem em sua especificidade, quanto como discurso artístico propício às manifestações socioculturais dos povos que, ao longo do tempo, produziram esse conjunto de obras de arte; além disso, a condição estética peculiar, inerente à natureza do texto literário, deve também fazer parte do instrumental com que o futuro professor atuará na Educação Básica. Com essas finalidades, mais o objetivo de preparar o licenciado para seu exercício docente, os estudos literários do curso compreendem a construção de arcabouço teórico, por meio dos componentes curriculares da área de Teoria da Literatura, bem como de repertório literário e habilidades de análise crítica, por meio das disciplinas e oficinas das áreas de Literatura Espanhola e Literatura Hispano-Americana, tanto entre as disciplinas obrigatórias, quanto entre as optativas e eletivas.

            Além disso, o curso busca promover a capacidade de reflexão crítica sobre diferentes aspectos da linguagem e sobre as perspectivas teóricas adotadas em sua investigação. Por isso, prevê-se que o discente do curso desenvolva domínio sobre diferentes abordagens que fornecem a estrutura teórica dos estudos sobre a língua ou a linguagem como fenômenos "psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e ideológico" (BRASIL, 2001, p. 30). Ao mesmo tempo, paralelamente à apropriação dos referenciais teóricos da área, é preciso estimular a reflexão crítica sobre essas abordagens, de modo que o futuro professor possa agir criticamente frente aos desdobramentos dos estudos linguísticos e literários.

            As habilidades e competências apontadas neste capítulo podem, por sua vez, ser desenvolvidas no curso graças a diferentes espaços pedagógicos previstos na sua organização. Assim, espera-se do licenciado em Letras – Língua Espanhola e Literaturas as seguintes competências e habilidades:

- Domínio do uso da língua espanhola, em suas modalidades oral e escrita, em sua variedade padrão, reconhecendo suas variedades linguísticas, nas perspectivas sincrônica e diacrônica, como também diatópica, diafásica e diastrática;

- Conhecimento teórico e crítico dos componentes fonológico, morfossintático, lexical, semântico e pragmático da língua espanhola; - Capacidade de reflexão analítica e crítica sobre o uso da linguagem como fenômeno identitário (psicológico, educacional, histórico, social, cultural, político e ideológico);

- Competência para ensinar espanhol tanto aos alunos da educação básica quanto das escolas de línguas estrangeiras ou de outros espaços onde se produza uma relação de ensinoaprendizagem;

- Capacidade de reflexão teórica sobre as literaturas e as culturas de língua espanhola nas diferentes épocas e situações históricas de sua evolução;

- Domínio crítico de um repertório representativo das literaturas de língua espanhola;

- Compreensão do processo de aquisição da linguagem, necessária ao entendimento, de um ponto de vista comparativo, dos problemas relacionados ao ensino e à aprendizagem da língua materna e das línguas estrangeiras;

- Percepção dos diferentes contextos interculturais implicados na aprendizagem e no ensino da língua espanhola e de suas literaturas; - Preparo profissional atualizado, condizente com a dinâmica do mundo do trabalho, incluindo o conhecimento dos recursos designados pelo termo genérico de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs); - Domínio de abordagens diversas, métodos didáticos e técnicas pedagógicas que favoreçam a construção dos conhecimentos a serem produzidos;

- Sensibilidade para perceber as fragilidades ou ineficiências de determinadas abordagens didáticas diante de um grupo específico de estudantes; - Habilidade para adotar novas estratégias que pareçam mais adequadas aos diferentes públicos aos quais nos dirigimos a depender do nível, modalidade e espaço de ensino.

 

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