FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO POR SCHISTOSOMA MANSONI EM ÁREA ENDÊMICA BRASILEIRA
Estudo comparativo observacional, abastecimento de água, comportamento de contato com a água, insegurança alimentar.
Introdução: No Brasil, a esquistossomose é causada pela espécie Schistosoma mansoni (SM). A área de estudo, Pureza, está localizada em uma região endêmica para SM no Rio Grande do Norte. O objetivo deste estudo foi identificar fatores associados à infecção por SM, como forma de avaliar a dispersão da endemia pós massiva ações de controle. Métodos: Foram avaliados fatores demográficos, socioeconômicos, ambientais, comportamentais, nutricionais e clínicos. Os participantes foram divididos em grupos com as seguintes características: 1) Casos (n = 44): compostos por indivíduos positivos para SM, com diagnóstico realizado nos últimos cinco anos; 2) Comunicantes domiciliares (n = 36): indivíduos residentes no mesmo domicílio dos casos, mas negativos para SM nos últimos cinco anos; 3) Comunicantes vizinhos (n = 200): indivíduos residentes na mesma localidade, mas negativos para SM no mesmo período; 4) controles (n = 38): indivíduos que vivem em localidade longe da área com casos notificados, longe das coleções hídricas e negativos para infecção por SM. Resultados: Sexo masculino, fornecimento de água por poço, fossas rudimentares como canalização de águas residuais sanitárias e contato com coleções hídricas para pesca e irrigação foram associados à infecção por SM (razão de verossimilhança, p <0,05). Foi encontrado um melhor perfil hematológico no grupo de casos (Tukey HSD, p <0,001) e uma grande chance destes terem sido tratados há mais de cinco anos para a infecção (odds ratio: 16,7; intervalo de confiança de 95%: 3,8-73,2; p <0,001). Conclusão: A infecção por Schistosoma mansoni tem uma dispersão focal e programas de controle personalizados são necessários para seu controle e eliminação. Este estudo apontou fatores já conhecidos associados à SM em área endêmica o que demostra a necessidade da revisão dos programas de controle, pois sinalizam que as medidas vigentes não tem sido efetivas para controle da endemia. É necessário avaliação a longo prazo das infecções subclínicas.