Banca de QUALIFICAÇÃO: ROSANGELA MARIA DE CARVALHO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ROSANGELA MARIA DE CARVALHO
DATA : 18/12/2023
HORA: 09:00
LOCAL: GOOGLE MEET - ON LINE
TÍTULO:

O USO DE VÍRGULAS DURANTE MANUSCRITOS ESCOLARES EM CONSTRUÇÃO: ESTUDO SOBRE SUAS OCORRÊNCIAS E COMENTÁRIOS ESPONTÂNEOS VERBALIZADOS POR ALUNOS DO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

PALAVRAS-CHAVES:

Sistema de pontuação. Vírgula. Escrita colaborativa. Comentário metalinguístico.

PÁGINAS: 170
RESUMO:

Para além da função prosódica, atualmente, muitos estudos abordam o sistema de pontuação como um fenômeno constituído por várias formas gráficas que atuam em níveis diversos (e.g.: da palavra, da frase e do texto), relaciona-o à organização sintática, à organização semântica da língua escrita e à enunciação. O presente trabalho se insere nesse conjunto de reflexões e busca compreender, a partir de uma abordagem linguístico-enunciativa, o uso da vírgula e as atividades metalinguísticas por alunos do 4º ano do ensino fundamental que escrevem o texto em parceria, em situação ecológica e em tempo real. Para tanto, respondemos às questões: 1. De que modo os alunos fazem incidir a vírgula sobre o texto que estão escrevendo? 2. Em que situações textuais a vírgula parece estar mais presente nos textos? 3. Qual a natureza linguística dos comentários? Sintático, semântico ou de outra natureza? 4. Que estratégias linguísticas e discursivas utilizam os alunos quando substituem um sinal de pontuação por algum outro objeto textual (qualquer elemento linguístico ou gráfico)? 5. Que relações são estabelecidas entre a vírgula e outros objetos textuais pelos alunos? Tendo em conta esses aspectos, analisamos quatro dados constituídos por histórias inventadas escritas em situação ecológica, capturados e registrados em processo através de um sistema multimodal, através do qual temos acesso ao diálogo dos alunos que estão escrevendo juntos o mesmo texto. Assim, considerando o manuscrito escolar, investigamos a inscrição das vírgulas, descritas, em nosso estudo, do seguinte modo: 1. Ausência da vírgula em posições requeridas pela gramática normativa; 2. Presença da vírgula em posição requerida pela gramática; 3.  Presença da vírgula em posição não prevista pela gramática; 4. Posição trocada da vírgula, para indicar a ocorrência gráfica de outro sinal de pontuação na posição de uma vírgula; 5. Posição substituta da vírgula, uso da vírgula em posição de outro sinal de pontuação. Em relação ao texto dialogal, ressaltamos as seguintes situações: 1. Menção do termo linguístico vírgula, quando os alunos inscrevem esse sinal de pontuação no texto e o verbalizam na linearidade de um dizer que está sendo escrito; 2. Comentário simples da vírgula, com frases curtas e sem explicação ou argumentação sobre o emprego dessa marca de pontuação; 3. Comentários desdobrados, quando os alunos explicam, argumentam e justificam o uso da vírgula no texto.  Os resultados, em andamento, apontam que os comentários realizados pelas crianças, em determinadas situações de escrita do texto, revelam conhecimento linguístico sedimentado sobre a necessidade do uso de formas gráficas que constituem o sistema de pontuação. A menção do termo linguístico vírgula, antes mesmo de o escrevente registrar essa marca gráfica no papel, foi uma ação recorrente nas quatro díades. A verbalização do termo vírgula com comentário simples, antes mesmo de o escrevente registrar essa marca gráfica no papel, também foi uma ação recorrente, o que pode sinalizar uma reflexão sobre a língua escrita e se justifica pela já incorporação de conhecimentos adquiridos pelos alunos sobre a estrutura sintática da língua escrita e pela compreensão de que determinadas porções textuais tenham sentido completo e devem ser separadas de outras que lhes seguem por marcas de pontuação. O comentário desdobrado sobre o uso da vírgula é pouco recorrente e não aparece em todas as díades analisadas. Ele ocorre quando os alunos dialogam ou buscam afirmar a presença da vírgula, recorrendo à sintaxe ou a questões semânticas. Comparando o comentário simples com o desdobrado, não supomos que o comentário desdobrado revele que alguma dupla tenha mais conhecimento sobre o uso da vírgula do que outra dupla, mas que, ao argumentar, podemos dar evidência ao modo como alunos estão sedimentando seu conhecimento sobre a vírgula e, potencialmente, sobre seu uso. Há sempre atividade metalinguística no uso de uma marca de pontuação, pois se supõe, em sua presença no texto, algum tipo de saber (silenciado ou verbalizado). Esse saber, todavia, está em construção, principalmente quando são alunos em fase de aprendizagem da escrita. O uso nem sempre implica relação direta com a regra gramatical, haja vista que os alunos não sabem discorrer sobre todas as regras – ou não discorrem. Uma marca de pontuação tem um papel fundamental na escrita dos textos, inclusive quando ela não está presente, quando não está colocada no lugar adequado ou quando assume a posição de outra marca de pontuação. A presença da vírgula, por exemplo, sinaliza que os alunos já compreendem que o sistema de pontuação está relacionado ao texto escrito. No caso específico da vírgula, os alunos denunciam a relação entre ela e grandes porções de sentido ou a relação entre a vírgula e elementos constituintes da frase. O uso, as menções, seguidas ou não de comentários sinalizam uma reflexão sobre a língua escrita e a incorporação de conhecimentos adquiridos pelos alunos sobre a estrutura sintática da língua escrita, mobilizando regras para o uso da vírgula.

MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2226795 - MARIA HOZANETE ALVES DE LIMA
Externo à Instituição - Rui Alexandre Teixeira Alves - UNIPORTO
Externo à Instituição - DENISE MOREIRA GASPAROTTO - IFC
Externo à Instituição - EDUARDO CALIL DE OLIVEIRA