MÃE SELVAGEM: TRAMA ENTRE O MITO DE LILITH E O MITO DA GRANDE MÃE, NUMA CENA FEMINISTA
Lilith; A Grande Mãe; Mitodologia em arte; Mãe Selvagem; Processo de criação.
Parto do entrecruzamento do Mito de Lilith e do Mito da Grande Mãe, narrativas que juntas desenham a minha mitologia pessoal (FEINSTEIN; KRIPPNER,1992). F(r)icciono (LYRA, 2011; 2013; 2014; 2015; 2019) essas mitologias numa proposição cênica, gerando questionamentos acerca de como as mulheres vem sendo contadas historicamente: desde a tentativa de apagamento, culpabilizadas pelo pecado original, ou resumidas a objeto do prazer masculino e a receptáculos reprodutores, tendo nossas pontências negadas e anuladas em prol de uma sociedade patriarcal, que vem atravessando nossas corpas (Dodi Leal, 2019) com violências seculares que nos afetam até os dias de hoje. Proponho reflexões a partir do movimento feminista, que tem provocado transformações na (re)existência de nós mulheres e se feito presente de forma ativa nas mais diversas áreas da sociedade, inclusive nas artes. Fecundo a minha pesquisa na Mitodologia em Arte (2011), um caminho de criação artística, cunhado pela professora Luciana Lyra, fazendo emergir descobertas sobre mim mesma na relação com o meio Artetnografado (LYRA, 2011), a partir das minhas próprias experiências, num desvelar de acontecimentos que, durante o processo de criação cênica, vamos dando significado ou ressignificando. E assim, como resultado da trama dos dois mitos, do processo criativo nasce a Mãe Selvagem, uma parição artística, política e subversiva.