Um retrato do marginal brasileiro mediante o trabalho do ator com as personagens de Plínio Marcos em “Navalha na carne"
Ação física, análise ativa, “Navalha na Carne”, Plínio Marcos, Stanislavski.
Esta dissertação apresentada tem como investigação o trabalho do ator na construção das ações físicas, conforme a metodologia desenvolvida por Constantin Stanislavski em sua análise da ação dramática, denominada “método da ação física”, aplicada às questões da representação cênica do marginal brasileiro, segundo o olhar “cruel” e realista/naturalista do dramaturgo Plínio Marcos. Partindo das circunstâncias dadas pelo universo Pliniano, a intenção é contribuir para a reflexão sobre o trabalho do ator na cena com os personagens marginais de “Navalha na carne”, destacando alguns aspectos importantes, que auxiliem na construção deste mundo ficcional. Deseja-se criar condições para a formação de um ator que potencialize na cena as contradições e conflitos desta obra. A investigação pretende partir do estudo teórico-prático como hipótese metodológica, produzindo reflexão crítica a partir do processo criativo do ator com a realização de um experimento cênico centrado na técnica psicofísica deste pedagogo russo. Assim, pretende-se lançar um olhar sobre o “método das ações físicas” com foco na sua última grande contribuição para a atuação, notadamente o procedimento da análise ativa, ao fazer uma leitura a partir de “Navalha na carne” por meio deste exercício cênico criativo, ampliando os estudos que se ocupam da arte do ator. Esta pesquisa faz uma explanação geral sobre a trajetória de Stanislavski até seu encontro com a ação física, ao mesmo tempo que, destaca os desencontros de entendimento do seu trabalho pelo mundo. Stanislavski desenvolveu inicialmente o “método” tendo como pano de fundo, a estética realista - uma relação de diálogo entre realidade e a cena – através de uma estilização que cria uma realidade teatral, e consequentemente, artística, e não de forma literalmente naturalista através de um mimetismo integral. Ou seja, o trabalho de representação na estética realista do teatro deve ser elaborado a fim de criar uma realidade teatralizada. Stanislavski entende que teatro é convenção, já que o trabalho do ator sobre si próprio deve estimular essa segunda natureza, a cênica.