A INTERFACE ENTRE MÍSTICA E POESIA NO CÁNTICO ESPIRITUAL B DE SAN JUAN DE LA CRUZ.
Cántico Espiritual. Mística. Poesia. San Juan de la Cruz.
A poesia, ao longo da história, foi um instrumento eficaz na propagação de mensagens de cunho religioso. Um exemplo concreto são os salmos bíblicos, que foram escritos por volta de 1000 a 333 a.C. e, com isso, já evidenciavam a poeticidade presente nos textos religiosos. Mas, foi no século XVI, no reinado de Felipe II, em meio a uma Espanha comprometida com a Contrarreforma, que essa relação entre poesia e religião parece mais intrínseca, uma vez que surge a chamada literatura ascética e mística, que tinha por finalidade descrever experiências espirituais com o sagrado. Entre os principais colaboradores dessa modalidade de literatura, destacou-se o místico e poeta San Juan de la Cruz (1542-1591). Em razão do contexto histórico e literário já mencionado, e dos estudos realizados sobre mística e poesia nas obras de San Juan, por autores renomados como, Alonso (1946), Baralt (1978, 1985), Duque (1990), Gallardo (1992), Guillén (1969), Paz (1993, 1994), entre outros. O presente trabalho tem por objetivo expor o diálogo que ocorre, entre duas áreas distintas, a mística e a poesia. E para que se obtenha um resultado satisfatório, foi escolhido como corpus o poema Cántico Espiritual B, dado que o mesmo é uma das obras mais relevantes do autor. Portanto, neste estudo, por meio da análise do corpus, evidenciaremos, assim, as possibilidades de diálogo entre mística e poesia.