MORNA - IDENTIDADE E LITERATURA EM CABO VERDE
Literatura Cabo-verdiana- Identidade- Morna- Música crioula- Eugénio Tavares
A literatura em Cabo Verde conheceu um significativo desenvolvimento no final do século XIX contando com o impulso dos jornais que dinamizavam sua criação ficcional e poética. Mas foi no século XX, com o surgimento da revista Claridade (1936) que se alicerçou o projeto literário cabo-verdiano. Nessa revista, os escritores do Arquipélago procuram fixar-se em temáticas predominantemente crioulas, expressando nas suas produções literárias as marcas identitárias do povo cabo-verdiano. A morna assume um lugar privilegiado na literatura cabo-verdiana e dado esta importância, propomo-nos nesta pesquisa traçar, através da morna enquanto gênero musical, poético-textual, as representações literárias e etno-musicais que retratam a identidade do povo cabo-verdiano, delineando suas funções narrativas, líricas, descritivas e dramáticas. Na poesia e na prosa, destacaremos a importante figura de Eugénio Tavares (1867-1930) que com suas mornas canta o espaço e o patrimônio imaterial cabo-verdiano. Para a construção do presente trabalho “Morna: identidade e Literatura em Cabo Verde” - nossa proposta metodológica concentra-se na pesquisa documental e bibliográfica, com base em fontes literárias, além de fundamentação teórico-crítica nos estudos de Simone Caputo Gomes, Manuel Ferreira, Vasco Martins, Gabriel Mariano, entre outros. Percebemos que, dentre os diversos gêneros musicais presentes em Cabo Verde, a morna é sem dúvida a forma musical e poética mais cultivada em todas as Ilhas do arquipélago. Ela simboliza o sentimento cabo-verdiano, suas tristezas, angustias e dores, que, mesmo sob o peso da dominação colonial e cultural, resiste e se manifesta. Esta manifestação se faz através da língua (crioulo) e das diferentes manifestações musicais que unificam o universo cabo-verdiano.