EMBATES DIALÓGICOS EM NARRATIVAS DE ESTAGIÁRIOS DE LETRAS-PORTUGUÊS
Relações dialógicas. Vozes sociais. Vinheta narrativa. Estágio supervisionado. Decolonialidade.
O presente trabalho tem por objetivo desvelar as concepções sobre o ensinar português que ancoram as ações e percepções de estudantes estagiários ao se confrontarem com a esfera escolar como futuros professores de língua portuguesa. Situados no campo da Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 2006; SIGNORINI, 2006; PENICOOK, 2006; RAJAGOPALAN, 2006), ancoramo-nos nas postulações do Círculo de Bakhtin acerca do Ato Responsável das relações dialógicas e vozes sociais (BAKHTIN, 2003[1924], 2010[1919], 2015; BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2010). Para ampliar a compreensão do objeto de estudo, assumimos a perspectiva de formação que se coloca como crítica libertadora (FREIRE, 1974[2018]; 1992; 1996; HOOKS; 2013) dentro de uma perspectiva Decolonial (MIGNOLO, SANTOS, QUIJANO, WALSH, 2013). Para que seja possível cumprir com o objetivo deste trabalho e responder a tais demandas, trabalhamos com a perspectiva qualitativa interpretativista de fazer pesquisa (FLICK, 2009), assumindo, especificamente, o procedimento da pesquisa documental (GUBA & LINCOLN, 1981), a partir do uso de narrativas como registro da experiência (CLANDININ E CONNELY, 2000). Nosso corpus é composto por 11 vinhetas narrativas (MODL & BIAVATI, 2016), produzidas por 11 alunos na disciplina de Estágio Supervisionado de Formação de Professores para Ensino Fundamental, no primeiro semestre do ano de 2019. Compreendendo o estágio como um entrelugar socioprofissional (REICHMANN, 2012, 2014, 2015), a análise que empreendemos até o momento aponta que há a mobilização de diferentes vozes sociais para construir posicionamentos negativos acerca das diferentes práticas vividas e observadas na escola, reproduzindo e legitimando o saber científico-acadêmico e desvalorizando e excluindo os saberes produzidos nesse espaço.