IMAGENS DA ESCOLA, DA DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA, DO PROFESSOR E DO ALUNO CONSTRUÍDAS EM PLANOS DE CURSO DOS ANOS FINAIS, ORIUNDOS DE ESCOLAS MUNICIPAIS SITUADAS NO EXTREMO SUL DA BAHIA
Ensino de Língua Portuguesa. Escola. Formações imaginárias. Plano de curso da disciplina Língua Portuguesa.
Nesta pesquisa, definiu-se como objetivo analisar as imagens que são construídas da escola, da disciplina Língua Portuguesa, do professor e do aluno no discurso sobre o ensino de Língua Portuguesa, materializadas em planos de curso (documento escolar) da disciplina Língua Portuguesa, ofertada no Ensino Fundamental (anos finais). Para tanto, buscou-se (a) verificar os elementos linguístico-textuais, os sujeitos a quem são dirigidos os objetivos educacionais, as práticas de linguagem que são recorrentes na estrutura composicional dos planos de curso; (b) examinar se os aspectos locais – onde as escolas estão situadas – são referenciados na tessitura do texto; (c) observar as posições discursivas atribuídas aos objetos de ensino, à escola, ao professor e ao aluno; e (d) averiguar os discursos que atravessam os planos de curso. O corpus foi composto por três planos de curso, selecionados em três escolas da rede municipal de ensino, situadas no Território de Identidade Extremo Sul da Bahia. A pesquisa fundamenta-se na Análise do Discurso de vertente francesa. Valeu-se, ainda, dos estudos de Geraldi (2005), Pietri (2003), Soares (2002), Apple (1982), Fernandes (2007) e Libâneo (1992) referentes ao ensino de Língua Portuguesa e ao currículo escolar. Como metodologia, adotou-se o método “paradigma indiciário” – proposto por Ginzburg (1989). Os resultados das análises indicaram a proeminência das seguintes imagens nos planos de curso: 1) de que a escola é o lugar de excelência para a transformação social do aluno, de conservar a variedade padrão e do controle da prática docente e do desempenho do aluno; 2) de que a disciplina Língua Portuguesa é o lugar de aprender a ler e a escrever a partir do ensino gramatical, de ensinar e valorizar a variedade padrão e de avaliar o comportamento do aluno; 3) de que o professor é o “guardião” da variedade padrão, é o responsável pelo desempenho do aluno e o fiscal da conduta do aluno; 4) de que o aluno é indisciplinado, não tem domínio da leitura e da escrita, deve obedecer o comando do professor e dominar a variedade padrão para ascender socialmente.